Atriz Alessandra Negrini é defendida por indígenas

Na nota, a instituição defende a atriz e diz que ela colocou "seu corpo e sua voz a serviço de uma das causas mais urgentes. Fez uso de uma pintura feita por um artista indígena para visibilizar o nosso movimento. Sua construção foi cuidadosa e permanentemente dialógica, compreendendo que a luta indígena é coletiva."


Por Folhapress Publicado 18/02/2020
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Reprodução (Instagram)

 A atriz Alessandra Negrini, 49, publicou uma nota divulgada pela APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) em suas redes sociais, após ser acusada de apropriação cultural. Rainha do bloco Baixo Augusta, em São Paulo, ela causou polêmica ao usar uma fantasia com acessórios indígenas. 

Na nota, a instituição defende a atriz e diz que ela colocou “seu corpo e sua voz a serviço de uma das causas mais urgentes. Fez uso de uma pintura feita por um artista indígena para visibilizar o nosso movimento. Sua construção foi cuidadosa e permanentemente dialógica, compreendendo que a luta indígena é coletiva.”

A fantasia escolhida por Negrini virou polêmica entre internautas logo que a musa foi fotografada no bloco. No momento, ela foi questionada pela reportagem. “Hoje para mim a questão indígena é a central desse país. Ela envolve não somente a preservação da cultura deles como a preservação das nossas matas”, respondeu a atriz. “A luta indígena é de todos nós e por isso eu tive a ousadia de me vestir assim”, completou. 

Negrini estava acompanhada de diversos indígenas, inclusive, da líder e ativista Sônia Guajajara, que também a defendeu.  “Muita gente usa acessórios indígenas como fantasia. Isso a gente não concorda. Mas quando a pessoa usa de uma forma consciente, como um manifesto para amplificar as vozes indígenas, então tudo bem, é compreensível”, Guajajara.

Em nota, a APIB afirmou que é preciso dar atenção a outros temas. “Essa semana está tramitando no Congresso uma MP que tenta regularizar a grilagem, o PL da Devastação quer impor a mineração e a exploração das terras indígenas, um evangélico missionário está em um posto estratégico da FUNAI e pode provocar a extinção de povos não contactados. São muitos os ataques. Não nos esqueçamos, o momento é grave e dramático, querem nos dizimar!”

A associação pede que a discussão sobre apropriação cultural seja feita com responsabilidade. “Alessandra Negrini é ativista, além de artista, e faz parte do Movimento 342 Artes, que muito vem contribuindo com o movimento indígena. Esteve conosco em momentos fundamentais. Portanto, ela conta com o nosso respeito e agradecimento.”