Juliano Laham diz que personagem em ‘Gênesis’ o permitiu transformar vidas

"Grande oportunidade e presente. Viver um papel dessa importância é uma responsabilidade grande.


Por Folhapress Publicado 19/11/2021
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Reprodução: Divulgação/ Record

Quando aceitou o convite para interpretar seu primeiro protagonista na TV, o ator Juliano Laham, 28, não fazia ideia da responsabilidade que seria viver José em “Gênesis”, trama bíblica da Record. Porém, bastaram os primeiros ensaios para perceber que tinha em mãos o maior papel de sua carreira.


“Grande oportunidade e presente. Viver um papel dessa importância é uma responsabilidade grande. Mas hoje vejo que através dele pude transformar e impactar a vida das pessoas. É ótimo quando atingimos esse nível”, comenta o ator.


Segundo ele, muito disso se dá pelo fato de José do Egito, o homem que após ser vendido como escravo pelos irmãos se torna líder e exemplo da região, causar identificação imediata com o público. Ao longo da sétima e última fase da história de Camilo Pellegrini, Raphaela Castro e Stephanie Ribeiro, o personagem mostrou superação e fé mesmo nos momentos mais difíceis.


“A mensagem que ele passa é que nunca se deve perder a crença em Deus e que precisamos entender que tudo acontece no tempo dele. O que José prega se encaixa perfeitamente aos dias de hoje. O público pode enxergar nele a persistência e a consagração após a dor”, explica.


“Gênesis” terá seu último capítulo na noite da próxima segunda-feira (22). Desde janeiro no ar, a superprodução acumulou números satisfatórios. Foram mais de 25 mil peças de figurino produzidas, gravações feitas em quatro estados e no Marrocos, 66 cenários e estúdios que contemplam quase 100 ambientes diferentes, 16 construções externas, oito cidades cenográficas e mais de 250 atores, 8.500 figurantes e 1.040 dublês.


Na visão de Laham, o balanço é extremamente positivo tanto para dele quanto para todo o elenco. “Saímos de cena com o sentimento de gratidão. Encerro um ciclo de forma positiva, entreguei meu propósito e pude ver esse sucesso com as pessoas se identificando e embarcando nas histórias. Se a narrativa atingiu tanta gente é pela união de todos em prol de levar uma mensagem de fé e esperança.”


E por mais que tenha conseguido tudo isso, Laham conta que não foi fácil. Ele encontrou muitos desafios ao longo do caminho e diz ter se cobrado muito.


“Queria impactar a vida das pessoas. Foi, sem dúvida, uma grande pressão por ser protagonista, por ser um remake, já que o Angelo Paes Leme já havia interpretado José em ‘José do Egito’ [2013]. O Juliano de hoje é um cara bem mais maduro”, define.


Além disso, Laham ainda teve dificuldades para encontrar a melhor composição corporal de José, já que, na história, o personagem envelhece. Também diz ter saído de sua zona de conforto por ter de cantar. “Vivenciei nitidamente as dores do José. Levo uma bagagem comigo e um leque de novas possibilidades”, completa.


Para o ator Fernando Pavão, que na última fase de “Gênesis” interpreta o faraó Sheshi, o que ficará de balanço dessa superprodução será a experiência que o personagem acarretará em futuros projetos.


“A gente sempre leva algo. A possibilidade de lidar com personagens tão diferentes e com o pouco tempo para nos apropriarmos dele é a coisa mais legal em TV. Em termos de profundidade, vamos além. São fatos que quando dominamos, levamos para a vida e todos os trabalhos ficam mais confortáveis”, destaca.


“Gosto muito de trabalhar com parte histórica. O Egito foi um povo fantástico e à frente do tempo. Foi uma composição bacana com muita química entre o elenco”, completa.


IBOPE SATISFATÓRIO E BALANÇO


A superprodução “Gênesis” encerra um ciclo na Record com audiência entre 13 e 14 pontos na Grande SP (cada ponto equivale a cerca de 76 mil domicílios). A marca é bastante expressiva e por vezes se tornou o maior ibope de toda a emissora.


A trama foi esticada para mais de 210 episódios por conta da boa audiência. A emissora ainda não confirmou qual projeto será exibido até janeiro, quando estreia a novela “Reis”.


Para o especialista em TV Dirceu Lemos, o bom resultado no ibope de “Gênesis”, somado à facilidade nas vendas internacionais, levou a emissora a investir nas novelas épicas de maior duração. Na visão do especialista, o gênero se consolidou com “Os Dez Mandamentos”, que alcançou enorme audiência, com média de 19 pontos, chegando a bater a novela das nove da Globo.


“Prevista inicialmente com 150 capítulos, ‘Gênesis’ foi esticada. No caso das telenovelas, quanto mais longa, maior é o lucro, pois os custos iniciais de produção (figurinos, cenários etc.) ficarão diluídos em um número maior de capítulos”, explica.


Para ele, entre os pontos positivos, a novela investiu em efeitos especiais para garantir boas imagens como do éden, da construção da Torre de Babel e do dilúvio. O figurino, as locações e os cenários também são destaque pela qualidade.


Porém, na avaliação de Lemos, mesmo com uma produção caprichada e de um robusto investimento em efeitos, a direção de elenco da novela acabou caindo num erro recorrente.


“O fenótipo dos atores foi totalmente fora dos padrões dos habitantes do norte da África e do Oriente Médio. Grande parte é branca, de olhos claros e com corpos malhados de academia. Essas características de ‘branquitude’ poderiam ter sido adequadas à ambientação da história”, explica.


Para o especialista em teledramaturgia Claudino Mayer, os pontos negativos são a trilha sonora e o fato de algumas situações em alguns núcleos da novela não serem críveis por causa de gírias nos diálogos.
“Já pelo lado bom, percebo que os efeitos especiais fazem o público se emocionar. E quando os autores fazem menções de passagens bíblicas, a página é citada.”