Fabíola Reipert diz que jornalista não deve ser amigo de famosos para não ficar com rabo preso

Reipert também conta que, mesmo tendo amizade com alguns artistas como a dupla Zezé Di Camargo e Luciano (com quem teve grandes brigas, mas depois fizeram às pazes), não deixaria de dar alguma notícia deles por conta do bom relacionamento.


Por Folhapress Publicado 11/02/2020
Ouvir: 00:00
Reprodução (Instagram)

Há 17 meses, A Hora da Venenosa, do Balanço Geral (Record), é líder de audiência em São Paulo, principal praça do mercado publicitário no país. Na sexta passada (7), o quadro marcou 9 pontos de média (cada ponto equivale a 74.987 domicílios na Grande SP) contra 8 pontos do Se Joga (Globo). 

Para Fabíola Reipert, 46, que divide a apresentação com Geraldo Luis e Renato Lombardi, o segredo do sucesso é a naturalidade e a sintonia que os três têm entre si. “Não é todo dia que tem bomba [grandes fofocas], então, acho que o público continua assistindo para ver as brincadeiras, ver o que vai acontecer, o clima de descontração. Tem que tentar entreter o público de outra forma.”

É claro, afirma a jornalista, que ter o lado B dos famosos colabora para a boa audiência.  “As pessoas querem saber o que rola debaixo dos panos, o que acontece nos bastidores, o assunto proibido. Se você vai ficar falando só o lado bonzinho, só o lado fofo da história, não há interesse do público não, acho isso muito chato, você tem que por um veneno ali, contar o que está acontecendo de verdade.”

Em mais de 20 anos trabalhando com jornalismo de celebridades -há seis em A Hora da Venenosa, quadro que começou com dez minutos e hoje tem entre 45 minutos e 1 hora, Fabíola Reipert afirma que não tem arrependimentos. 

“Eu sempre falo que tenho pena de uma nota que dei uma vez, ainda no jornal Agora, do Grupo Folha, sobre Alexandre Borges, que estava em crise com Julia Lemmertz. Ele ligou lá na Redação, e tomei um susto e falei: ‘ih, ele vai me xingar’.”, lembra a jornalista.

“Mas ele foi super educado e pediu: ‘Por favor, não dá essas notícias, porque tem o meu filho, que está na escola e vai me prejudicar’. Mas, no fim, era verdade, depois de um tempo eles se separaram. Não vou dizer que me arrependo porque não era mentira, mas me deu pena na hora porque ele me pediu com tanto jeito”, completa.

Reipert também conta que, mesmo tendo amizade com alguns artistas como a dupla Zezé Di Camargo e Luciano (com quem teve grandes brigas, mas depois fizeram às pazes), não deixaria de dar alguma notícia deles por conta do bom relacionamento. 

“Amigos amigos, negócios à parte. Toda notícia que eu fico sabendo deles, positiva ou negativa, eu mando uma mensagem para eles, para checar, e falar: Você quer comentar? Em nenhum momento, pergunto: Posso dar? Nem eles querem me censurar. Não fico poupando não. Eles fazem o trabalho deles que é cantar, e eu faço o meu que é dar notícia.” “Para mim jornalista que é amiguinho de famoso, não rola, cara, porque daí você fica com o rabo preso”, completa.

Apesar do primeiro lugar e do sucesso de A Hora da Venenosa, ela diz manter os pés no chão e não se iludir com a fama, como tem visto acontecer com colegas jornalistas que trabalham no meio. “Audiência é uma coisa rotativa, um dia o povo está querendo te ver, outro dia o povo não está querendo, e tem uma outra coisa mais interessante em outro canal. É natural.”

É DE FAMÍLIA
No último mês, Fabíola Reipert tirou férias e foi substituída por sua irmã, Mabell Reipert, 45. Com um ano e quatro meses de diferença, as duas têm a voz e a aparência física muito parecidas, embora Mabell use os cabelos loiros, e Fabíola, castanhos -é comum até perguntarem se elas são gêmeas. Mas quem é a Ruth e a Raquel? -irmãs gêmeas idênticas da novela “Mulheres de Areia” (Globo, 1993), que tinha personalidades opostas, sendo Raquel, a vilã.

“Eu sou a Raquel, óbvio…A Mabell é super fofa com todo mundo, eu não sou muito não. Não sou má, nunca, mas não consigo ser tão dada como ela, sabe… No grupo da família, ela fala bom dia, e eu não..é isso”, define Fabíola. “Só que aí ela se intromete no meio da conversa do grupo, só para falar besteira, 24 horas”, interrompe Mabell. 

As irmãs Venenosas fizeram faculdade de jornalismo juntas, em Santos, litoral paulista. A influência para atuar com comunicação veio do pai, o também jornalista e radialista Guilherme Reipert, que morreu no fim do ano passado -o irmão mais novo, Hermann, é outro que trabalha no meio, ele tem produtora de vídeos. 

Embora fossem amigas e unidas, Fabíola conta que era da turma do fundão, enquanto Mabell sentava na frente. “Ela ficava lá com aquelas meninas chatas, eu ficava com os meus amigos do fundo, tacando bolinha na cabeça delas. Vivia fora da sala, não era muito boa de comportamento não”, diz.

Depois de concluída a faculdade, as duas seguiram caminhos diferentes. Fabíola voltou para São Paulo, de onde a família tinha se mudado quando ambas eram adolescentes para a Praia Grande. Mabell continuou no litoral. Cobrir o mundo dos artistas não foi algo intencional. “Era a vaga que tinha”, diz Fabíola. 

Atualmente, a Hora da Venenosa com Fabíola Reipert é exibido no estado de São Paulo, e ganhou versões locais em 15 praças em emissoras afiliadas. Na Baixada Santista é Mabell a responsável por contar as fofocas do mundo artístico, na Record TV Litoral.