Confundido por Bocardi, jovem treina polo há sete anos e é sobrinho de ex-técnico da seleção

Em sete anos de clube, Leo, como é conhecido o atleta, passou por todas as categorias de base até, no ano passado, chegar à categoria adulta.


Por Folhapress Publicado 07/02/2020
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Reprodução (Instagram)

Leonel Diaz, 18, o jovem negro que foi confundido com um pegador de bolinhas de tênis pelo jornalista Rodrigo Bocardi, apresentador do Bom Dia São Paulo (TV Globo), nesta sexta-feira (7), é mais do que um simples jogador de polo aquático.

Nascido em Cuba, Leonel é sobrinho de um dos ícones da modalidade no país, o também cubano Barbaro Diaz. Na quinta (6), o jovem comemorou exatos sete anos morando no Brasil, mesmo período que veste a camisa do Esporte Clube Pinheiros. O clube o proibiu de dar entrevistas.

Seu tio, Barbaro, disputou duas edições dos Jogos Olímpicos por Cuba, em 1980 e 1992, e depois emigrou para o Brasil, onde trabalha como treinador desde 1994. Neste período, treinou por diversas vezes a seleção brasileira.

Barbaro foi, por exemplo, o técnico da equipe no Pan de 2007, mesmo falando, até hoje, um portunhol que está mais para espanhol caribenho do que para português. Depois, na edição de 2011, atuava como auxiliar técnico. Atualmente é técnico do Paulistano, arquirrival do Pinheiros.

Foi pela influência de Barbaro que Leonel começou a jogar polo aquático. O jovem praticava triatlo em Havana, onde morava, e há sete anos veio morar no Brasil junto com a mãe e um irmão. Em São Paulo, foram levados ao Pinheiros, onde então brilhava o pivô Ives González Alonso, cubano naturalizado.

Em sete anos de clube, Leo, como é conhecido o atleta, passou por todas as categorias de base até, no ano passado, chegar à categoria adulta. No primeiro ano sob o comando de Roberto Chiappini, faturou o título do Campeonato Paulista e da Liga Nacional de Polo Aquático (PAB).

Deu sequência a uma tradição do polo aquático de ser um esporte praticado por uma “panelinha”. Seus primos Alejandro e Ana também jogam, pelo Paulistano e pelo Pinheiros, respectivamente, enquanto seu treinador, Roberto, é pai de um de seus colegas de equipe desde o sub-14, Bruno Chiappini, e da estrela da seleção italiana, Iza Chiappini. Se tem algo que Leo não é no polo aquático do Pinheiros é um estranho no ninho.

Mesmo assim, Rodrigo Bocardi, ao vê-lo com a camiseta do Pinheiros em uma entrada ao vivo durante o jornal, na plataforma de uma estação de trem, onde o jovem era entrevistado pelo repórter Tiago Scheuer, acreditou tratar-se de um pegador de bolinha de tênis.

“Scheuer, o Leonel vai pegar bolinha de tênis lá no Pinheiros?”, questionou o apresentador, ao repórter. O jovem respondeu que era atleta do clube, pelo qual jogava polo aquático. “Aí sim, eu estava achando que era um dos meus parceiros ali que me ajudam nas partidas. Manda os parabéns para ele”, disse Bocardi.

Acusado de racismo por internautas que repercutiram o vídeo nas redes sociais, o apresentador depois se explicou pelo Twitter. “Os jogadores de tênis não usam uniformes, mas os pegadores/rebatedores, sim: uma camiseta igual a do Leonel, com quem tive o prazer de conversar hoje.

Ao vê-lo com a camiseta que vejo sempre, todos os dias, pegadores/rebatedores de todas as cores de pele, pensei que fosse um deles. Não frequento outras áreas do clube onde outros esportes são praticados. E não sabia que a camiseta era parecida. Se soubesse, teria perguntado em qual área ou esporte trabalhava ou treinava”, escreveu.