‘O Menino Maluquinho’ vira série animada com Julieta negra e bênção de Ziraldo

Nos episódios, o garoto levado vive situações que são inusitadas e, ao mesmo tempo, comuns para uma criança da vida real


Por Folhapress Publicado 14/10/2022
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A Netflix vai lançar uma série animada baseada em “O Menino Maluquinho” nesta quarta-feira (12), quando é comemorado o Dia das Crianças. A produção é baseada no livro clássico de Ziraldo, publicado em 1980, e em quadrinhos e materiais extras lançados pelo quadrinista.


Nos episódios, o garoto levado vive situações que são inusitadas e, ao mesmo tempo, comuns para uma criança da vida real. A intenção é divertir a audiência mirim sem distanciá-la do personagem.


Num dos primeiros capítulos, por exemplo, Maluquinho vai passar um dia na casa do avô, que não vê há tempos. O idoso só quer saber de paz e sossego para cuidar de suas plantas -até que precisa dar um jeito na própria coluna para correr e saltar atrás do garoto sapeca, que furta um dos seus vegetais. No final, os dois percebem como gostam da companhia um do outro, apesar da distância.


Família é um tema caro a Carina Schulze, showrunner e uma das responsáveis pelo roteiro. Ela conta que o fato de os pais do Maluquinho se divorciarem no livro original a fez se identificar com a história.

No novo seriado, eles também se separam e o garoto precisa aprender a lidar com uma cidade, escola e amigos novos.


Para adaptar a obra-prima de Ziraldo, Schulze esteve à frente de uma equipe de roteiristas que tinha até comediantes. Inserir piadas que fizessem sentido para as crianças de hoje foi uma das maneiras encontradas para modernizar a trama criada em 1980.


Mas não foi só isso. Julieta, uma das personagens mais importantes do livro original, deixou de ser branca para virar negra na série da Netflix. A mudança ocorreu justamente para tentar atualizar a obra, diz Rodrigo Olaio, um dos produtores do seriado.


“Ziraldo gostou muito da ideia, achou massa, não teve grandes discussões”, afirma. “Trouxemos mais ritmo, comédia e diversidade para fazer uma série com cara de 2022”, diz Schulze.


Prestes a completar 90 anos, Ziraldo já viu seu livro virar filme, série de televisão aberta e até musical, todos com atores de carne e osso. Os produtores afirmam que ele esteve envolvido com o seriado animado desde o início da produção -a ideia começou a ser discutida em 2017, há cinco anos.


“Ele que aprovou a bíblia”, diz Olaio, como se Ziraldo tivesse dado uma espécie de bênção religiosa à série. Sua fala na verdade significa que o cartunista concordou com um documento criado para definir regras importantes sobre personagens, direção artística e o estilo musical, por exemplo. “A bíblia desse projeto era uma monstruosidade, tinha muitos elementos”.


Diferentemente de “Turma da Mônica”, clássico infantil que atravessou as décadas e continuou popular graças às suas reinvenções, “O Menino Maluquinho” não é uma obra muito famosa entre a geração atual. Mas os produtores não consideram que isso possa atrapalhar o sucesso comercial da série.

“Vamos conseguir falar com adultos e crianças se seguirmos os direcionamentos de Ziraldo”, afirma Schulze.


A produção será dividida em três partes -a primeira terá nove episódios e as outras duas ainda não têm data de estreia.