Na São Paulo Fashion Week, alfaiataria é roupa para escritório ou pista de dança


Por Folhapress Publicado 26/05/2023
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Reprodução: Pixabay

Igor Dadona iniciou a quinta-feira (25) na São Paulo Fashion Week, ou SPFW, apresentando a coleção masculina “Colosso“. O designer mesclou a alfaiataria clássica com o desejo por uma festa elegante. Os modelos -todos com glíter prateado no rosto e joias cintilantes da Swarovski– usaram peças que misturam a seriedade e a elegância dos escritórios com o lúdico.


Camisas brancas decoradas com bolinhas pretas e calças conviveram em harmonia na passarela com shorts, por exemplo. O vermelho exuberante de suéteres com um círculo aberto no peito, casacos de lã tweed ostentando texturas vívidas e suéteres com abotoados brilhantes também apareceram.


As cores onipresentes foram preto, bege, branco, marrom, cáqui e cinza. E a vibe onipresente foi a da roupa versátil -seja no escritório ou na pista de dança, a alfaiataria permanece elegante mesmo quando assume contornos lúdicos.


Se você ainda tem alguma dúvida a respeito da alfaiataria como “o” fio condutor das tendências atuais, a estreia de Gefferson Vila Nova poderia encerrá-la facilmente. O estilista galvanizou a plateia -que contou com a presença de Sabrina Sato na fila A- com uma coleção inspirada no paisagismo de Roberto Burle Marx e a arquitetura modernista de Oscar Niemeyer.


As peças de alfaiataria seguem a linha minimalista e elegante do “quiet luxury”, em que branco, preto, azul marinho, creme e off white propõem relaxamento e casualidade em meio à natureza.


Calças ou shorts e regatas estilizadas com furos de diferentes dimensões ocuparam a passarela acompanhados de chapéus de palha, sandálias Havaianas, correntes decorando bolsos e cinturas.


Falando em bolsos, eles foram onipresentes, em ambos os lados do peitoral, em camisas de manga curta e longa -e frequentemente com estampas de plantas. A textura dominante foi lisa, embora algumas peças de lã fina tenham comparecido, assim como listras e xadrez, usados ou não em sobreposições.


A fluidez, seja a dos movimentos do corpo ou a de gênero, também foi contemplada pela coleção. Ao fim do desfile, Vila Nova caminhou pela passarela sob o ruído estrondoso de aplausos de uma plateia conquistada.


Mais tarde, a coleção de Patricia Vieira -estilista especializada em couro cortado a laser e de aparência metalizada- foi incendiária, o que talvez explique a sala lotada e a disputa por lugares, mas não a entrada desorganizada.


Modelos brancas e negras, além de uma trans, uma grisalha e uma plus size, ao som de Mutantes e Rita Lee, exibiram looks que cintilaram à meia-luz da passarela e realçaram diferentes modos da beleza feminina ser expressa.


Vermelho, rosa, verde e preto ganharam vida em vestidos, saias de diferentes comprimentos, calças e conjuntos adornados com flores e plantas texturizadas no tecido. Um deslumbrante vestido dourado, rente ao corpo da modelo negra, elevou o burburinho na plateia a reações sonoras.


Destacam-se também um conjunto preto com uma calça skinny e um casaco que se sobrepõe a um top, bem como outros conjuntos, um azul e outro rosa, com saias listradas que mostraram não existir o impossível na imaginação da estilista.


Ela encerrou o desfile impressionando a plateia com um vestido de noiva com um véu longuíssimo e estilizado com botões de flores. Como se a modelo fosse sua noiva, Vieira entrou na passarela usando seu característico jaleco branco e de braços dados com a modelo. A estilista chorou ao ser aplaudida. O casamento, como se viu, foi da estilista com o desfile mais exuberante até o momento.


A passagem de Patricia Vieira pela SPFW foi também uma espécie de investigação sobre as personalidades possíveis da mulher contemporânea -mas não foi fácil deixar de lado o fato de que aquelas lindas peças também eram restos de bicho morto.


A semana de moda de São Paulo segue até domingo (28), com desfiles em diversos locais da capital paulista.