‘Casa Gucci’ traz Lady Gaga fashion e excêntrica em história de amor que acaba mal

E é justamente uma morte que impulsiona a trama do novo filme de Ridley Scott, que chega aos cinemas nesta quinta (25).


Por Folhapress Publicado 24/11/2021
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Reprodução: Divulgação

 “Pai, filho e casa Gucci”, diz Lady Gaga, ao fazer o sinal da cruz, numa cena exibida já no trailer de “Casa Gucci”, sintetizando o pensamento das figuras que habitam o filme. Para eles, a grife italiana não é só uma marca –é um estilo de vida, uma instituição, vista por aqueles personagens como algo acima dos homens e de sua efêmera passagem pela Terra. Pessoas morrem; seus legados, não.


E é justamente uma morte que impulsiona a trama do novo filme de Ridley Scott, que chega aos cinemas nesta quinta (25). “Casa Gucci” narra o conto de fadas transformado em terror que envolve o casamento da plebeia Patrizia Reggiani com o endinheirado ex-diretor da grife, Maurizio Gucci.


Numa trama que fala sobre sede de poder, ambição, traição e luxo, muito luxo, vemos o que levou Patrizia e encomendar o assassinato do antigo marido –e isso não é spoiler, é história verídica, levada às telas cinco anos após a italiana deixar sua “estadia na Vittore”, como ela se refere aos anos na prisão San Vittore, em Milão.


Na pele da femme fatale, Lady Gaga faz sua segunda incursão num filme com ambições de Oscar. No passado, ela foi indicada à estatueta de melhor atriz por “Nasce uma Estrela”, mas acabou levando apenas o prêmio de canção original. Agora, se as apostas se concretizarem, ela deve ter uma segunda chance na categoria.


Para assumir o papel em “Casa Gucci”, a voz de hits como “Bad Romance” e “Rain on Me” diz que escolheu uma abordagem “jornalística” para a personagem. Ela quis formar uma opinião própria sobre aquela figura, vasculhar cada canto de sua vida, sem se deixar levar pelo simples rótulo de homicida.


“Eu passei muito tempo lendo sobre a Patrizia Reggiani, vendo entrevistas que ela deu, mas eu tentei não ler ou ver qualquer coisa que tivesse uma opinião muito forte sobre ela, porque queria criar uma própria”, diz Gaga em evento virtual para a imprensa.


“Eu acredito que ela realmente amou o Maurizio, mas ela amava também o que ele significava, a maneira como ele fazia ela se sentir empoderada nos negócios da família. E quando isso foi tirado dela, ela reagiu de uma maneira que a maioria das mulheres não reagiria –afinal, a maioria de nós não mata seus maridos.”


As supostas segundas intenções de Patrizia motivam uma briga entre Maurizio e seu pai nos primeiros instantes de “Casa Gucci”. Ela só quer seu dinheiro, alerta ele, ecoando o que o próprio público pensa. Mas a protagonista deixa claro que não é bem assim, seja ao seduzir um Maurizio totalmente vestido para dentro de uma banheira ou ao fazer amor com ele sobre a escrivaninha do escritório.


Mas esse amor todo, como hoje sabemos, acabou mal. Principalmente para Maurizio, que nas telas é vivido por Adam Driver, ator que foi bastante celebrado este ano, com “O Último Duelo”, também de Ridley Scott, lançado no mês passado, e “Annette”, que chega ao streaming nesta sexta.


Para ele, há uma pressão a mais em trabalhar em “Casa Gucci”, já que o filme lida com personagens reais –e, mais especificamente, com uma trágica lembrança ainda muito recente, já que o assassinato do herdeiro da grife ocorreu em 1995.


Driver diz que, para compor o personagem, leu o livro que deu origem ao longa –”Casa Gucci: Uma História de Glamour, Cobiça, Loucura e Morte”, de Sara Gay Forden– e tentou desconsiderar não apenas suas opiniões pessoais sobre a família Gucci, mas também a pressão de ser fiel à realidade. “E a maneira como o Ridley [Scott] filma é pensada nisso, é pensada para que tudo o que fazemos em cena pareça espontâneo”, explica.


O que não tem nada de espontâneo, no entanto, são os cenários pomposos e os figurinos elegantes do filme, que criam uma estética camp. O colorido salta aos olhos do espectador, enquanto um desfile de acessórios de couro acompanha os atores em formato de bolsas, sapatos e jaquetas.


Não são apenas Gaga e Driver que os vestem. “Casa Gucci” tem no elenco coadjuvante nomes de peso, como os oscarizados Al Pacino, Jared Leto e Jeremy Irons, e a indicada ao Oscar Salma Hayek. Eles vivem outros Guccis; ela, uma espécie de vidente que se alia a Patrizia em sua busca desenfreada por controle.


Os coadjuvantes todos, aliás, são costurados à trama de forma bastante afetada e caricata. Já os personagens de Gaga e Driver, inicialmente distantes dos negócios da família, começam o longa contidos, mas vão lentamente se rendendo à mesma excentricidade conforme ganham terreno dentro da empresa.


Para vestir essa caricatura, Gaga conta que passou nove meses treinando o sotaque italiano –o filme é falado num inglês macarrônico, apesar de estar subentendido que aqueles personagens, na vida real, se comunicavam em italiano mesmo. Além disso, Stefani Germanotta, nome verídico dado à cantora por sua família ítalo-americana, ficou um ano e meio na personagem.


Tudo para conseguir assimilar a relação íntima e passional que Patrizia Reggiani manteve não com seu marido, mas com a própria grife.


“A Gucci, para a Patrizia, era um modo de sobreviver. Era uma oportunidade de ser importante de uma maneira como ela nunca tinha sido em toda a sua vida. Ela tinha o sonho de ter uma vida melhor, e a Gucci representava esse sonho. Ela não era simplesmente interesseira e oportunista, sabe.”

CASA GUCCI


Quando: Estreia nesta quinta (25), nos cinemas
Elenco: Lady Gaga, Adam Driver e Al Pacino
Produção: Canadá/Estados Unidos, 2021
Direção: Ridley Scott