Bruna Linzmeyer é eleita personalidade do ano em festival e dedica troféu a mulheres que amou

Regina Casé, que está no ar atualmente como Lurdes em "Amor de Mãe" (Globo) foi premiada como melhor atriz brasileira por sua atuação no filme "Três Verões", com direção de Sandra Kogut.


Por Folhapress Publicado 20/12/2019
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Reprodução (Divulgação)

A atriz Bruna Linzmeyer, 27, ganhou o Prêmio Félix de personalidade do ano durante o encerramento da 21ª edição do Festival do Rio. O evento, considerado o maior festival de cinema da América Latina, teve início em 9 de dezembro e terminou na noite desta quinta (19), com a tradicional cerimônia de premiação. A solenidade aconteceu no Museu do Amanhã, localizado no centro da capital fluminense. 

“Acho que é um desafio estar com esse microfone para falar em nome desse coletivo que é múltiplo, maravilhoso, imenso e muito maior que eu”, afirmou a atriz, em referência à comunidade LGBTQI+. 

“Não seria possível estar aqui sem que muitas estivessem antes de mim. É muito trabalho não baixar a cabeça para a normatividade que é dada a todos nós. Isso demanda tempo, esforço e coragem”, acrescentou.

A atriz disse ainda que ela e todos os seus companheiros do audiovisual “têm o poder e a poesia de fazerem outros futuros serem possíveis”. Ela dedicou o troféu a todas as mulheres que amou e que lhe amaram, às que “estão no armário”, às que não se descobriram, e a outras pessoas também.

No início de outubro, Linzmeyer revelou o fim do relacionamento com Priscila Fiszman, com quem namorou por três anos. Recentemente, foi vista em uma praia na presença de um novo affair.

Regina Casé, que está no ar atualmente como Lurdes em “Amor de Mãe” (Globo) foi premiada como melhor atriz brasileira por sua atuação no filme  “Três Verões”, com direção de Sandra Kogut. 

“Esse filme vai entrar em cartaz em março e teve um significado incrível. Participou em três festivais e foi premiado em todos”, comemorou a atriz, que levou Roque, seu filho, para segurar o troféu no palco.

Fiquei muito feliz de ver atores, diretores, roteiristas negros no palco e na tela. Há dez anos, isso não seria possível. É muito legal ver o Roque representado”
A atriz também falou sobre sua volta à dramaturgia, após anos de trabalho como apresentadora. 

“Eu só trabalhava como atriz e de repente fui migrando para outras coisas. Eu estava a serviço de ideias que acreditava. Fiquei pensando no porquê migrei agora, e acho que o único lugar possível para se ficar é na ficção. Durante muito tempo não tinha muito espaço para mim na dramaturgia. Eu só faço empregada (risos), mas se essas empregadas podem ser protagonistas e ganhar prêmios é sinal de que a dramaturgia avançou para um outro lugar”

DISCURSOS 
“Acho que esse evento é cara do Rio. Se a cidade perde momentos como esse, vai morrendo aos poucos. Temos que afirmar nossos espaços e esse é um espaço nosso. Nós que temos a chance de ter um microfone na mão, temos que lutar por esse espaço. Essa história de que brasileiro não gosta de cultura não tem nada a ver”, disse o ator Luis Lobianco, protagonista do longa “Carlinhos e Carlão”, dirigido por Pedro Amorim, que esteve na programação do festival e deve chegar aos cinemas em agosto de 2020.

Lobianco foi ao evento apenas como público, mas na opinião da atriz Evelyn Castro, que apresentou a premiação ao lado de Fabio Porchat, o ator poderia ser um dos premiados.

“Falta a comédia aparecer mais nesses festivais e ser premiada. Se eu pudesse, entregaria um troféu para Luis Lobianco. Ele representa tanta coisa… Não só na comédia, mas na questão de gênero e da diversidade”, afirmou a atriz ao F5.
Em razão da saída de grandes patrocinadores, como Petrobras e BNDES, o Festival do Rio quase foi cancelado. Sua realização só foi possível após a realização de um financiamento coletivo.

Porchat afirmou que o festival, cuja programação teve cerca de 200 filmes, entre nacionais e internacionais, é uma vitória de todos. 
“No meio de tanta crise, a cultura estar nesse lugar e a gente colaborar é muito bom. Eu também colaborei. É uma vitória do conjunto”, disse. O ator também comentou sobre as recentes polêmicas em torno do Especial de Natal do Porta dos Fundos. 

“É sempre bom quando a arte faz com que os males saíam dos seus covis. Acho que esse especial escancarou a homofobia que existe nesse país. Quando fazemos isso e as pessoas se ofendem por Jesus ser gay, isso diz muito sobre elas. Ser gay é uma característica, como ser gordo, magro, alto ou baixo”, afirmou.

“Ser atacado por homofóbicos e milicianos mostra que estamos no caminho certo. Se fossem os LGBTQ+, teríamos errado miseravelmente.”

Conheça os vencedores:
Melhor longa-metragem de ficção –  “Fim de Festa”, de Hilton Lacerda
Melhor longa-metragem de DOC –  “Ressaca”, de Vincent Rimbaux e Patrizia Landi
Melhor curta-metragem – “A Mentira”, de Klaus Diehl e Rafael Spínola
Melhor direção de ficção  –  Maya Da-Rin, por “A Febre”
Melhor direção de DOC – Vincent Rimbaux e Patrizia Landi, por “Ressaca”
Melhor atriz – Regina Casé, por “Três Verões”
Melhor ator – Fabricio Boliveira, por “Breve Miragem de Sol”
Melhor atriz coadjuvante – Gabriela Carneiro da Cunha, por “Anna”
Melhor ator coadjuvante – Augusto Madeira, por “Acqua Movie”
Melhor fotografia – Miguel Vassy, por “Breve Miragem de Sol”
Melhor montagem – Renato Vallone, por “Breve Miragem de Sol”
Melhor roteiro – Hilton Lacerda, por “Fim de Festa”
 
NOVOS RUMOS  (júri composto por Flávia Castro, diretora e roteirista, João Pedro Zappa, ator e Vicente Saldanha, diretor de arte)
Melhor filme –  “Sete Anos em Maio”, de Affonso Uchôa
Menção honrosa (longa) – Marcelo Diorio, ator e co-roteirista de “Rosa Azul de Novalis”
Melhor curta –  “Revoada”, de Victor Costa Lopes
Menção honrosa (curta) – “Bonde”, de Asaph Luccas
Prêmio especial do júri –  “Chão”, Camila Freitas
 
VOTO POPULAR
Melhor longa-metragem de ficção  – “M8 – Quando a Morte Socorre a Vida”, de Jeferson De
Melhor longa-metragem de DOC – “Favela é moda”, de Emílio Domingos
Melhor curta-metragem  – “Carne”, de Camila Kater
 
PRÊMIO FELIX (júri composto por Dannon Lacerda, Galba Gogóia, Luana Dias e Bruno Duarte)
Melhor longa-metragem de ficção:  “Retrato de uma Jovem em Chamas”, de Céline Sciamma
Melhor longa-metragem de DOC –  “Lemebel, um Artista Contra a Ditadura Chilena”, de Joanna Reposi Garibaldi
Melhor longa brasileiro: “Alice Júnior”, de Gil Baroni
Prêmio especial do júri: “Bicha-Bomba”, de Renan de Cillo
Menção honrosa – Camille Cabral, pela atuação em luta dos direitos humanos
 
MOSTRA GERAÇÃO
Melhor filme júri popular – “Alice Júnior”, de Gil Baroni