‘A Ancine faz de tudo para atrapalhar o cinema’, diz Marieta Severo

A atriz conta que quer atrair o público mais jovem para o cinema.


Por Folhapress Publicado 29/07/2022
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Reprodução: Divulgação

Assim como sua personagem no filme “Aos Nossos Filhos”, que vive angustiada e tem pesadelos frequentes com a ditadura militar -um trauma por ter sido presa e torturada nos anos de chumbo- Marieta Severo, 75, não anda tranquila. As eleições presidenciais e o futuro do Brasil preocupam a atriz, que não esconde de ninguém: está em contagem regressiva para a saída do atual governo.


“Todos os dias penso nisso, e vou contando. Nunca pensei que fosse passar por isso outra vez na minha vida”, reconhece ela, umas das primeiras personalidades a assinar a carta pela democracia, documento que defende os tribunais superiores, as eleições e a democracia e é considerado uma resposta às ameaças golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Não tinha como não assinar”, enfatiza.


A atriz conta que quer atrair o público mais jovem para o cinema. “‘Aos Nossos Filhos’ fala das relações humanas, mas mostra o sofrimento de uma mulher da minha geração que sofreu os horrores de um período horrível da nossa história. E é esse caminho que muitas pessoas ainda acreditam ser a solução para Brasil. A minha geração sabe que nada pode ser pior”, destaca.


Dirigido por Maria de Medeiros e baseado na peça homônima de Laura Castro, o longa demorou quase quatro anos para estrear. “É impressionante. Foram vários empecilhos, inclusive a Ancine. Aliás, ela faz tudo para atrapalhar e não estimular a preciosidade que é fazer cinema. Mas chegou a hora e acredito ser este o momento certo”, diz Marieta.


A considera que a iscussão das conquistas dos espaços das minorias e das escolhas de gêneros, assuntos postos em debate no filme, anda “muito pulsante” no país. “E isso é ótimo. Ele mostra que só afeto pode harmonizar os preconceitos e saber lidar com eles”, explica.


A trama de “Aos Nossos Filhos” gira em torno de Vera (Marieta Severo), uma sobrevivente da ditadura que carrega grandes traumas do passado e mantém uma ONG com crianças soropositivas. Ela não consegue aceitar a homossexualidade de sua filha, Tânia (Laura Castro), e as duas expõem suas feridas emocionais não cicatrizadas ao longo da trama.