‘Psicóloga pra quê? Tenho a Eliene, minha manicure’, diz Zeca Pagodinho

"Eu durmo e acordo cedo, não aguentava mais ficar sem ver as pessoas, sem vir aqui jogar conversa fora", conta Zeca, 63, direto do salão de beleza perto de sua casa.


Por Folhapress Publicado 22/04/2022
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Reprodução: Instagram

Zeca Pagodinho está aliviado. O sapato branco que costumava usar quando saía de casa decidido a “aprontar” voltou a circular pelas ruas do bairro da Barra da Tijuca, onde mora. A agenda de shows foi retomada, o sítio onde cria cavalos, porcos e galinhas -sua verdadeira Pasárgada em Xerém, na Baixada Fluminense- está de novo cheio de amigos (“Eu olhava para aquele quintal vazio e me dava uma tristeza…”).


Nestes tempos pós-isolamento, a volta à rotina vem fazendo “um bem danado” ao sambista de hábitos diurnos e viciado em novelas antigas, que só vai para a cama depois de assistir à reprise de alguma novela ou da “Escolinha do Professor Raimundo”, seu programa favorito na TV.


“Eu durmo e acordo cedo, não aguentava mais ficar sem ver as pessoas, sem vir aqui jogar conversa fora”, conta Zeca, 63, direto do salão de beleza perto de sua casa. Foi de lá que ele concedeu a entrevista à Folha de S.Paulo, enquanto fazia as unhas dos pés, às vésperas de suas apresentações no Camarote Bar Brahma, no Carnaval paulistano, nesta quinta-feira (21), e no sábado (23).

PERGUNTA – Em 2020, no auge da pandemia, você disse que estava ‘quase deprimido’ por causa do isolamento social. A vida melhorou agora?


ZECA PAGODINHO – Ah, muito. Perdi alguns amigos, meu quintal ficou muito triste, vaziiiiiio. Olha só como melhorou: no domingo de Páscoa eu distribuí ovos de Páscoa, veio aquele bando de criança me abraçar. Imagina isso quando a gente tinha que ficar sozinho? Eu estava sentindo falta de abraçar. Ai, Eliene! Vai devagar!

P. – O que houve? Quem é Eliene?


ZP – Ela está fazendo o meu pé enquanto a gente está conversando. Olha aí, Eliene, a jornalista está perguntando quem você é (ouvem-se risos de algumas mulheres). Tô no salão agora, venho todos os dias aqui antes do almoço, fico aqui jogando conversa fora, nem preciso mais de psicóloga. Pra quê? Eu tenho a Eliene agora.

P. – É tão bom assim ir ao salão?


ZP – Eu adoro isso aqui. Fico conversando, arrumo emprego, dou ingresso, mando cerveja para as festas delas, mando leitão lá de Xerém. Só não posso ir (às festas) porque ficam pedindo para tirar foto e eu odeio. Ai! Olha aí. A Eliene ficou com raiva e tirou um bife da minha unha.

P. – Este ano você só vai participar do Carnaval de São Paulo, não estará no Rio. Paulistano é bom de samba?


ZP – Eles são ótimos, essa história de túmulo do samba não tem nada a ver. Fora que todos os meus shows aí bombam. Sabe que nem no Sábado das Campeãs eu vou estar no Rio? Estou indo para Portugal. Ah, não, confundi. Eu vou para Recife. É que eu estou com Portugal na cabeça, estava pensando em morar lá.

P. – Estava? Não está mais?


ZP – Não, desisti. Eu queria para fugir da violência, desse baixo astral que está isso aqui, mas têm mais dois netinhos vindo aí. Dois machos: um da minha filha Elisa e outro do Louisinho. Até o final do ano vão ser quatro, no total. Vamos ficar por aqui mesmo. Ô Eliene, para de sacanagem! Fica fazendo cosquinha no meu pé! Ela sabe que eu tenho o pé dormente por causa da diabete.

P. – O bar que leva o seu nome está virando uma rede bem sucedida, abrindo novas filiais. Dá para ganhar dinheiro com isso? Você dá sugestões, já que é expert no assunto?


ZP- Já são três bares no Rio, vai ter outro em Nova Iguaçu, São Paulo. O bicho tá pegando. Eu não sou sócio mas levo um royaltizinho, né? Não me meto em nada, mas é bom que eu vou lá, como, bebo, e vou embora sem pagar. De vez em quando alguém chega para conversar, senta comigo, bate papo.

Você esteve recentemente num encontro de artistas com o ex-presidente Lula e já afirmou que ele é um herói. Qual o grau de amizade entre vocês?


A gente só se encontra em época de eleição. Ele me ligou quando meu pai morreu, ligou de novo no meu aniversário.

P. – Você liga para ele também?
ZP – Não.

P. – Por que não?
ZP – Porque eu não tenho o numero dele. Também não tenho muito o que falar com ele, a gente gosta de tomar cerveja junto. O Lula ainda não foi ao meu bar, mas disse que quer ir.

P. – Continua apostando no jogo do bicho?
​ZP – Parei. Na pandemia eu ganhei três vezes, mas nunca mais ganhei, então parei. Olha aí, agora a Eliene está enchendo meu pé de creme, essa mulher me maltrata demais.