Narjara Turetta conta que mãe aproveitava os temas da série ‘Malu Mulher’ para educá-la

Hoje está no elenco de "Jezabel", da Record.


Por Folhapress Publicado 26/05/2019
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Narjara Turetta tinha 12 anos quando estreou na Globo como a jovem Elisa, na série “Malu Mulher”, que foi um marco da TV brasileira e comemorou 40 anos nesta sexta-feira (24). Na trama, ela fazia a filha da personagem central, a socióloga de ideias liberais Malu (Regina Duarte).

O programa foi considerado à frente de seu tempo ao abordar temas tabus como prazer feminino, violência doméstica, aborto e virgindade, entre outros. A atriz lembra que sua mãe, Maria Antônia, sempre lia os roteiros da série antes e aproveitava os assuntos delicados para educá-la. O pai de Narjara tinha morrido dois anos antes de a série estrear. 

“Minha mãe sempre foi de vanguarda e muito aberta. Apesar de ser semianalfabeta, ela tinha muita sabedoria e usava os temas da série como exemplos para me educar”, relata ela, que hoje está no elenco de “Jezabel”, da Record.

“Teve um episódio que eu não queria fazer, e ela me questionou: ‘Qual é o problema? Não tem nada demais. Vai passar uma boa mensagem para as pessoas'”, complementa a atriz sobre a mãe, que morreu há seis meses. “Ela foi muito especial. Me preparou muito bem.”

Em um dos capítulos, Elisa fica menstruada pela primeira vez e está sozinha com o pai, Pedro Henrique (Dennis Carvalho), que não sabe o que fazer diante da situação. O episódio foi escrito pelo autor Manoel Carlos, que tinha vivido situação semelhante com uma de suas filhas. “Era tabu falar desse assunto naquela época”, lembra ela, admitindo que, embora não pareça, “morreu de vergonha” de gravar o capítulo.
Ao rever hoje “Malu Mulher”, Narjara afirma que fica impressionada em como as discussões mostradas na série ainda são atuais. Embora em alguns aspectos avalie que a mulher conquistou mais voz e espaço na sociedade, em outros, pontua que há muito a avançar. “Hoje, ligamos o jornal e ainda vemos muitos casos de homens batendo em mulheres e até matando. Nesse aspecto, não melhoramos nada.”

Ela ganhou o prêmio de melhor atriz revelação da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de 1980 pelo seu trabalho como Elisa. Para Narjara, seria interessante hoje ver uma nova versão de “Malu Mulher”, com Elisa como a protagonista: “Como será que ela estaria? Separada ou casada mandando no marido?”, especula.