De perseguições a parto em viatura, série humaniza dramas da PM de Minas
O projeto é uma série de ficção, baseada em ocorrências reais, realizada pela Polícia Militar de Minas Gerais, com o objetivo de humanizar os policiais e criar uma relação de proximidade com a sociedade.
Cenas de perseguição policial, assalto a banco, negociação com sequestradores e até mesmo um parto realizado dentro de uma viatura podem ser frequentes na rotina de policiais militares. Essas foram algumas das ações que inspiraram a série “Segunda Pele”.
O projeto é uma série de ficção, baseada em ocorrências reais, realizada pela Polícia Militar de Minas Gerais, com o objetivo de humanizar os policiais e criar uma relação de proximidade com a sociedade. A ideia da série surgiu no centro de jornalismo policial da diretoria de comunicação organizacional da PM mineira.
“A gente queria mostrar o policial que sofre, que tem as agruras de conviver com o pensamento abarrotado de situações e de conflitos sociais”, afirma o tenente-coronel Flávio Santiago, que é chefe do centro de jornalismo. “É um policial de carne e osso, não é um super-herói. É alguém que tem seus problemas da vida pessoal, mas que consegue se refazer e ajudar as pessoas.”
De acordo com Guto Aeraphe, diretor do projeto, um dos principais desafios foi retratar o dia a dia dos profissionais com veracidade, mas sem esquecer o entretenimento esperado pelo público. Segundo ele, foram meses de trabalho no roteiro para encontrar o tom ideal.
“Tudo aquilo que acontece na série é real. A forma como eles caminham, a forma como eles saem de dentro da viatura é o real”, afirma o diretor.
A preparação de elenco contou com uma imersão da equipe nas rotinas policiais. “Os atores passaram por diversas situações para trazer para a tela o que seria uma cena quase que da vida cotidiana. Os laboratórios tiveram o cuidado com a interpretação e também com gestos, olhares e a linguagem corporal dos procedimentos adotados pela polícia”, afirma o preparador de elenco José Roberto Pereira.
A série “Segunda Pele” está disponível num canal próprio no YouTube, que conta com mais de 22 mil inscritos. Seus seis episódios somados contam com cerca de 467 mil visualizações.
A maior parte das cenas foi gravada no município de Sabará. A cidade histórica foi escolhida por apresentar uma localização estratégica, próxima a Belo Horizonte, além de trazer elementos característicos da mineiridade.
“Para a série, demos vida a uma cidade fictícia, chamada Pedra Negra. A gente escolheu não localizar, porque queríamos que representasse várias cidades de Minas”, conta Aeraphe.
A produção é completamente mineira, desde a produção até o elenco. O ator Fabiano Persi, que interpreta o sargento Gael, disse que o projeto é importante para fortalecer o setor audiovisual em Belo Horizonte. Segundo ele, o retorno tem sido bastante positivo, principalmente por parte de pessoas ligadas à cultura militar, que se viram representadas no projeto.
Humberto Rezende, produtor de “Segunda Pele”, diz que a ficção permite que se converse sobre questões delicadas, como os riscos da profissão, com mais facilidade. Segundo ele, muitos familiares de policiais conheceram melhor a rotina de seus parentes a partir da série.
“Quando a gente mostra isso na ficção, a gente acaba transitando por um lugar que as pessoas conseguem conversar sobre o tema de uma forma mais segura. É o Gael, é o Jesuíta [personagens da série], não é o meu irmão, mas isso é de verdade e isso amplia a consciência das pessoas”, diz ele.
A sargento Gisele Bertucci disse ter se emocionado com o resultado do projeto. “A série mostra o que cada policial faz na rua, faz durante a sua atividade. E não só como profissional, mas também retratou os policiais como seres humanos que nós somos, cheios de conflitos e tudo mais”, diz ela.
Como acontece em “Segunda Pele”, Bertucci também já realizou um parto em um carro durante uma ocorrência. “Quando chegamos ao local o veículo estava parado na rodovia, a moça já estava em trabalho avançado de parto, não tivemos outra forma que não fazer o parto dentro do próprio veículo”, relembra ela.
“Fiquei extremamente emocionada de ver uma das ações que eu e outros colegas fizemos ser retratada com tanta ênfase lá na série, com tanta emoção por parte da atriz. Foi extremamente emocionante e gratificante também”, afirma a sargento.
A atriz Andressa Caetano interpretou a sargento Meire, que realiza um parto dentro de uma viatura na produção. Segundo ela, a responsabilidade é grande ao recriar uma cena que, de fato ocorreu e que é frequente na atuação da PM.
“A gente imagina as coisas, mas não sabe profundamente como é. Mergulhar nesse universo traz muita informação que nos chocam e outras nos surpreendem positivamente”, diz a atriz.
“Nós somos acionados a todo momento, para qualquer tipo de ocorrência, tem que estar preparado.
Algumas vezes não são ocorrências muito boas, com resultados muito positivos, em outras a gente tem essa surpresa de trazer uma criança à luz”, afirma a sargento Bertucci. “Então, não tem jeito. O policial tem que estar preparado para tudo.”