NX Zero retorna aos palcos com show nostálgico que celebra suas duas décadas
Criado há 11 anos, o maior grupo de fãs do NX Zero soma quase 30 mil pessoas no Facebook, e desde janeiro, a frequência de postagens aumentou após o anúncio do retorno da banda. Ao longo dos seis anos de pausa do grupo, os fã-clubes espalhados pela internet não pararam de ser alimentados com notícias sobre o paradeiro de cada integrante.
Com o início da turnê “Cedo ou Tarde”, pairava uma grande expectativa sobre o repertório, que inclui os grandes hits, mas também surpresas em cada um dos 20 shows. A primeira apresentação foi no último sábado (28), na edição carioca do festival MITA, terá um novo show neste domingo (4) no MITA paulista, no Ainda que a banda formada por Di Ferrero, Gee Rocha, Filipe, Conrado Grandino e Daniel Weksler acumule quase duas décadas de estrada, tenha sete discos e diversos prêmios na bagagem, essa será a primeira vez revisitando o repertório em um show comemorativo.
Antes do hiato, o grupo realizava turnês de divulgação dos discos, modelo seguido de forma ininterrupta durante 17 anos. Dessa vez, se debruçam nos detalhes do show há um ano, então confeccionaram versões de setlists para quem for em mais de uma data e para atender até os fãs mais exigentes.
“Quando ficava aquele silêncio entre as músicas, era comum escutar a galera pedindo ‘Incompleta’. Era o nosso ‘toca Raul'”, lembra o vocalista Di Ferrero. Logo nos primeiros ensaios do retorno aos palcos, a faixa do disco “NX Zero”, lançado em 2006, entrou em pauta e, em comum acordo, os integrantes acharam que era a hora certa de incluí-la no setlist.
Em março, o quinteto fez duas apresentações em formato reduzido na televisão: uma no Caldeirão do Mion e outra no BBB, onde um fã pediu uma música inesperada. Ricardo Camargo, o Alface, estava em êxtase com o retorno da banda e cobrou “Mentiras e Fracassos”, do primeiro disco, “Diálogo”, de 2004.
“Na hora, pensei que o cara realmente sabia todas. Foi o momento em que percebi que voltamos, a nossa sintonia encaixou e, que estava com as músicas no dedo”, conta o guitarrista Gee Rocha.
Em comum, as duas músicas são exemplos da faceta mais emocore do grupo, caracterizado pela bateria acelerada e guitarras altas. Os grandes sucessos, como “Razões e Emoções” ou “Cedo ou Tarde” são mais palatáveis, extrapolando o que é esperado do gênero, mas mantendo a sonoridade embebida no rock e a mensagem de superação das letras.
“‘Cedo ou Tarde’ fala sobre as pessoas que já se foram deste mundo. A gente não quer ensinar nada a ninguém, mas queremos oferecer um conforto para o coração, então é especial ter uma música que faz isso para as pessoas”, reflete o guitarrista Fi Ricardo.
Nos últimos anos, ainda que o NX Zero não estivesse rodando o país ou trabalhando em material novo, os integrantes acompanharam uma renovação de público. Afinal, não faltaram motivos para a propagação de certa nostalgia cultural, seja para os millennials que buscam faixas que marcaram momentos da adolescência, ou para a geração Z que procura se enxergar em letras que refletem angústias cotidianas. O grupo começou a circular pelo underground brasileiro na primeira metade dos anos 2000, junto a outros grupos que continuam fazendo shows, como CPM 22, Fresno e Forfun.
Em 2010, o quinteto já tinha furado o teto do independente, se tornando o maior expoente daquela cena. E foi neste ano que eles tentaram algo novo, mas teve gente que torceu o nariz para o “Projeto Paralelo”, disco de releituras com participação de 20 rappers nacionais e internacionais, entre eles Freddie Gibbs, Emicida, Marcelo D2, Negra Li e Rincon Sapiência.
Hoje em dia, na segunda encarnação do gênero no mainstream, os limites entre estilos musicais estão borrados de antemão, onde o pop punk e o emo se fundem ao rap e ao trap, em uma abordagem mais livre. “A gente fez esse projeto em uma época em que esses intercâmbios não estavam tão em alta.
Hoje vejo muito do rap e trap usando melodias do emo e do hardcore, e vice versa”, reflete Gee Rocha.
O grupo, hoje mais perto dos 40 anos, observa atentamente a geração que despontou quando o NX Zero estava fora dos palcos. No exterior, Olivia Rodrigo e Willow são algumas das representantes, já no país, Day Limns e Jup do Bairro incorporam elementos dessas linguagens.
“A Jup é muito mais rock do que muita banda de rock junta. Tem que ver o mosh pit”, pontua o baterista Daniel Weksler. Para acompanhar o momento fértil de talentos em ascensão, o mercado continua suprindo a demanda com o surgimento de novos eventos. “Eu nunca vi tantos shows em toda a minha vida, nem quando eu era mais novo, é incrível ver essa cena pipocando”, reflete o vocalista.
A princípio, Cedo ou Tarde é um projeto com começo, meio e fim, mas os integrantes se mantêm abertos às possibilidades. Durante o período da tour, eles estão comprometidos com a agenda conjunta, deixando de lado os projetos individuais. Em 2017, reavaliaram as prioridades e, de forma amigável, chegaram ao consenso de sair de cena.
Os mais de 20 grupos de trabalho no WhatsApp foram apagados, restando apenas um com os cinco músicos. Antes do retorno, eles conversaram sobre as divergências que levaram ao distanciamento e como solucioná-las: “Estamos muito bem resolvidos entre a gente, o tempo a parte foi ótimo para as coisas fluírem, e hoje conseguimos aproveitar a vida'”, finaliza Gee Rocha.
NX ZERO
Quando Dom. (4), no MITA SP; 15 e 16/12 no Allianz Parque
Onde MITA: Vale do Anhangabaú, São Paulo; Allianz Parque – r. Palestra Itália, 200
Link: https://www.eventim.com.br/artist/nxzero/