‘Ninguém se compara à incomparável’, diz Maria Rita sobre a mãe, Elis

Maria Rita tinha 4 anos quando Elis morreu, no dia 19 de janeiro de 1982, aos 36 anos, em São Paulo.


Por Folhapress Publicado 13/01/2022
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Reprodução: Instagram

A poucos dias da morte de Elis Regina (1945-1982) completar 40 anos, a cantora Maria Rita, filha da artista, 44, fez um longo desabafo no Twitter sobre as comparações e os ataques que recebe desde o início de sua carreira musical.


“Não a imito. Eu não lembro de minha mãe. Zero lembrança. Eu não cresci com Youtube. Não tinha documentários. Então não a imito”, disse.


Maria Rita tinha 4 anos quando Elis morreu, no dia 19 de janeiro de 1982, aos 36 anos, em São Paulo. Ela foi criada pelo pai, o pianista e arranjador César Camargo Mariano, e começou a cantar profissionalmente em 2002, aos 24 anos.


“Acho curioso quando dizem que têm ranço de mim porque eu dizia que não gostaria que me comparassem a minha mãe (no início da minha carreira), mas gravei um disco/dvd em homenagem a ela (dez anos depois)”, afirmou, em seu desabafo.


O disco “Redescobrir”, citado por Maria Rita, foi gravado no show de mesmo nome que percorreu o Brasil entre 2012 e 2013 em homenagem a Elis e ganhou o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. A artista ganhou outras sete estatuetas em formato de gramofone ao longo da trajetória.


Nesta quarta-feira (12), ela disse que não queria as comparações por dois motivos principais: gostaria de ter as próprias conquistas e acha que é impossível alguém se comparar a Elis.


“Ninguém se compara à incomparável. Ninguém”, afirmou.


Maria Rita criticou quem exalta uma mãe com ataques à filha. “Faz isso não. É feio. Ninguém gostaria de passar por isso, principalmente uma mãe”, disse. “A não ser que a mãe fosse meio psicopata, o que definitivamente não era o caso da minha”.


A cantora também explicou as diferenças entre a voz dela e a de Elis. “Minha voz é mais grave e mais ‘suave’. Eu sou alto/contralto, minha mãe (era) alto/soprano”, detalhou. “Vale dar uma estudada para entender que, por causa disso, nossas extensões são diferentes. Mas tem maestro que diz que minha extensão é incrível”.


A artista falou ainda sobre as diferenças entre as duas nas interpretações das canções. “As dela são e sempre serão infinitamente melhores do que as de qualquer cantora. Não só euzinha aqui”, opinou.


Na publicação curtida por milhares de pessoas, Maria Rita contou que não pensa na mãe quando está no palco. “Só penso em sobreviver. Foco na canção”.


“Eu não quero ser igual a minha mãe. Eu só quero buscar alguma paz dentro desse cenário onde a Elis é de todos, mas a mãe é minha”, concluiu. “Aliviem aí”.


A cantora recebeu a solidariedade de famosos como a jornalista Maju Coutinho (Fantástico), o ativista Preto Zezé e a atriz Maria Bopp. Muitos fãs também se manifestaram.


Ao agradecer alguns dos apoios, Maria Rita disse que está cansada dessa situação e lembrou que lida com isso há 20 anos.


Elis teve três filhos: o produtor musical e empresário João Marcelo Bôscoli, 51, o cantor Pedro Mariano, 46, e Maria Rita. João Marcelo é filho do compositor e produtor Ronaldo Bôscoli. Pedro e Maria Rita de César Camargo Mariano.


“No meu caso é mais delicado por eu ser a única filha mulher e cantora. E me pareço bastante com ela em diversos aspectos”, analisou a artista.


Maria Rita mantém algumas músicas gravadas pela mãe em seu repertório. No show Samba de Maria, por exemplo, ela canta “Tiro ao Álvaro” (Adoniran Barbosa), “Mestre sala dos mares” (Aldir Blanc e João Bosco) e “O bêbado e a equilibrista” (Aldir Blanc e João Bosco). No espetáculo Voz e Violão ela inclui “Como os nossos pais” (Belchior) e “Romaria” (Renato Teixeira).