‘Não tenho tempo a perder com Neymar’, diz Zélia Duncan, alvo da ira do craque
"Não sou de futebol, mas Neymar me parece até agora uma promessa como atleta e uma decepção como cidadão. Quer respeito? Dê-se a ele e mostre serviços. Ah, e pague seus impostos!", escreveu a cantora, em 2021, ao final de um jogo da seleção.
A experiência de publicar textos em uma coluna de jornal, há sete anos, fez com que Zélia Duncan exercitasse seu talento (mais esse) para a escrita e animou a cantora e compositora, 57, a lançar seu primeiro livro, “Benditas coisas que eu não sei”.
Como num bate-papo com o leitor, ela escreve sobre seus prazeres, inspirações, paixões, vivências e fatos recentes. Assuntos, em sua maioria, agradáveis, e que passam longe de chateações, como a que Zélia passou no final do ano passado, ao travar uma batalha judicial com Neymar.
Tudo por causa de uma publicação no Twitter. “Não sou de futebol, mas Neymar me parece até agora uma promessa como atleta e uma decepção como cidadão. Quer respeito? Dê-se a ele e mostre serviços. Ah, e pague seus impostos!”, escreveu a cantora, em 2021, ao final de um jogo da seleção.
A postagem irritou o jogador, que foi à Justiça cobrar explicações. Os advogados do atacante pediram esclarecimentos sobre onze pontos específicos, entre eles, a parte da “decepção como cidadão” -esse parece ter sido o “x” da questão, o que mais incomodou jogador.
A ação foi extinta e cada um seguiu seu rumo. “Se ganhasse essa ação, viraria um processo ou uma queixa-crime. Eu não tenho tempo a perder com Neymar nem ele comigo. O que eu sou para esse cara? Não entendi até hoje o que aconteceu”, confessa. “Foi uma tolice que me chateou”.
Zélia virou nome de uma biblioteca pública em Costa Barros, na Zona Norte do Rio, e também estreou recentemente como atriz. Ela é protagonista do curta-metragem ‘Uma Paciência Selvagem Me Trouxe Até Aqui’, em que interpreta uma motoqueira solitária que se envolve com meninas mais jovens e animadas de Niterói -sua cidade natal, aliás.
O filme de Érica Sarmet trouxe para o debate as diferenças geracionais entre integrantes da comunidade lésbica (Zélia, assim como sua parceira de tela, Bruna Linzmeyer, prefere ser chamada de “sapatão”), e acabou conquistando uma premiação especial do júri no Festival de Sundance, em janeiro.
“É um filme que fala da minha geração, que foi altamente reprimida”, conta.
A cantora-atriz-escritora sabe de sua força, da influência que exerce entre o público mais jovem. É, enfim, uma formadora de opinião, muito antes de o termo virar moda. “Estou em um momento em que, sinceramente, posso falar de qualquer coisa que venha ajudar o outro”, admite a artista. “Luto porque sou super bem aceita por todos os tipo de sapatões. Sou uma delas”.
À reportagem, Zélia também falou sobre sua participação no clipe da campanha de Lula, a nova versão do “Lula lá”, em que aparece em posição de destaque, segurando uma estrela e cantando. “Nunca fui petista, mas não tem nem o que pensar. A gente está decidindo eleger ou um democrata ou um fascista. Não se trata de partido. É questão de caráter, de direitos humanos e de pessoas”.