Jammil comemora 25 anos com novo vocalista e revisita grandes sucessos


Por Folhapress Publicado 20/01/2022
Ouvir: 00:00
Reprodução: Divulgação

E lá se vão bem mais que mil e uma noites desde que a banda Jammil (oficialmente Jammil e Uma Noites) lançou seu primeiro álbum. Neste mês de janeiro, completam-se 25 anos desde que “Tanta Coisa Mudou” de fato mudou a vida dos integrantes.


A banda surgiu após o vocalista Tuca Fernandes, 57, o baixista Manno Góes, 51, e o guitarrista Beto Espínola, 49, deixarem o Jheremmias Não Bate Corner, na qual já tocavam juntos. Góes e Fernandes são responsáveis por criar um dos maiores sucessos do axé de todos os tempos, “Milla” (sim, a do verso “mil e uma noites de amor com você”).


Do trio inicial, apenas Góes segue ligado à banda atualmente, nos bastidores. Fernandes deixou a formação em 2011, sendo substituído por Levi Lima, 39, que por sua vez decidiu sair da banda em meados de 2020. Foi nesse ano que Rafael Barreto, 36, recebeu uma ligação fazendo um convite que ele nunca imaginou: assumir os vocais do Jammil.


Ao site F5, ele diz que foi apresentado ao empresário Paulo Borges, que gerencia a banda, por um amigo em comum. “Ele mandou o meu material e Paulo gostou do meu trabalho, perguntou de onde eu era e disse que queria me conhecer”, diz.


Na época, ainda não havia uma vaga de vocalista na banda. “Ele queria ver se fazia algum trabalho comigo paralelo ao Jammil, porque de fato o Levi ainda estava na banda”, lembra. “Daqui a pouco ele me ligou e disse que queria que eu assumisse a banda. Tive aquele choque positivo, mas falei: ‘Vamos nessa!’.”


Porém, apesar de ser baiano, o artista estava morando em Belo Horizonte. A ideia era que ele viajasse em uma semana para assinar o contrato, mas a pandemia de coronavírus aconteceu. “Três dias depois, ele me ligou dizendo que os aeroportos tinham fechado”, conta. “Fiquei meses esperando, até voltarem a liberar os aeroportos.”


A espera, no entanto, valeu à pena. Barreto diz que sempre foi fã do Jammil (“foi pontuando vários momentos na minha adolescência e na minha infância”) e que se sente honrado de estar à frente da banda em uma data tão especial.


“Para mim, é um misto de sensações e de sentimentos”, avalia. “Sinceramente, eu não imaginava que ia estar à frente de uma banda com tanta história. Está sendo surreal. Os 25 anos do Jammil representam muito, não só para mim, mas para todo mundo que vive o Carnaval.”


Barreto diz que tanto Tuca quanto Levi foram referências para ele. Ele diz que levará adiante a sugestão da reportagem de juntar os três no mesmo palco numa apresentação especial para marcar a data. “Quem sabe, vamos pensar”, afirma. “Seria muito bacana. Vou falar com eles para ver o que eles acham. Ia dar legal, né? Cada um com sua identidade.”


De concreto, no entanto, já há outros planos para a comemoração –embora a Covid mais uma vez tenha embolado o meio de campo. “A gente está pronto para fazer alguns lançamentos, mas de olho em tudo o que está acontecendo”, revela. “Já lançamos 10 faixas e, neste ano, vamos lançar mais 25, até completar as 25 maiores músicas do Jammil.

Também temos o Luau do Jammil, que a gente vai fazer, tem novo DVD, tem novos clipes… Muita coisinha que já estamos colocando em prática.”


Entre as faixas já disponíveis, além de “Milla”, estão sucessos como “Praieiro”, “Ê Saudade”, “Celebrar” e “Colorir Papel”. Também foram lançadas faixas novas compostas pelo próprio Rafael em parceria com a banda, como “Que Saudade Disso Aqui”.


O cantor diz que preferiu não mexer muito nos grandes clássicos da banda, que mantiveram os arranjos originais. “Quando o time está ganhando, a gente não deve mexer muito”, explica. “Respeito muito a característica da música, então preferi manter como é. Meu timbre é que gera a diferença, cada um tem sua característica como o cantor.”


Barreto ainda não conseguiu estrear em cima do trio com o Jammil. E isso ainda deve demorar um pouco mais, já que o Carnaval de Salvador foi cancelado mais uma vez neste ano por causa da pandemia.


“Eu já fiz trio antes, mas não com o Jammil”, conta. “Fazer trio com o Jammil deve ser outro nível. As músicas são muito conhecidas. Não se faz nem esforço, a gente começa e as pessoas vão cantando. É muito mágico ver as pessoas cantando letra por letra. Uma energia surreal. Estou doido para que isso acabe logo para que eu possa fazer trio.”


Por enquanto, ele segue fazendo shows por todo o Brasil. “Mas o trio é diferente, estamos falando de 8 a 9 horas cantando”, explica. “Estou começando a colocar meu trabalho dentro da banda. Tem gente que nem sabe ainda que estou no Jammil.”


Apesar disso, o cantor diz que a exposição gerada pela banda já fez o assédio aumentar, mas ele leva isso com tranquilidade. “Sou um cara que gosta de dar atenção a todo mundo, independente de se a mulher ou o homem está com segundas intenções”, afirma. “Trato todo mundo igual.”


“Essa fase de solteiro e de conhecer muita gente já passou”, diz ele, que é casado com a influenciadora fitness Flávia Baraky, com quem tem uma menina, Bella, de 2 anos. “Agora estou em outra fase e prezo muito por isso. As pessoas entendem isso, todo mundo encara com muito respeito.”


A boa fase profissional e pessoal vem mais de uma década depois de o artista ser vencedor da terceira temporada brasileira do show de talentos Ídolos (a primeira na Record, que assumiu o formato após duas temporadas no SBT). No vídeo de apresentação, o então candidato à fama contava ter sofrido um aneurisma cerebral dois meses antes, após perder a mãe e o pai ter se afastado dele e do irmão.


“É verdade, eu tive AVC com 23 anos, dois meses antes do programa, e fiquei em coma”, relata. “Eu quase embarquei nessa brincadeira. Minha família ficou apavorada.”


Já sobre o pai, ele conta que os dois estão em paz há muitos anos. “Foi uma fase”, explica. “É complexo esse assunto. Meu pai estava com a gente, mas se ausentou devido à religião dele. Ficou com a cabeça meio fechada. Hoje em dia, ele não pensa mais assim. Está tudo certo entre a gente.”


O cantor diz que, se algum novato lhe perguntasse se vale à pena investir nesse tipo de reality show, diria para ele ir, mas com um pouco mais de consciência do que ele tinha na época. “Eu entendi que o programa impulsiona você naquele momento e você tem que agarrar com unhas e dentes as oportunidades que surgem depois”, avisa.


“Para construir uma carreira, tem todo um processo, uma estrada a ser trilhada, passo a passo”, compara. “Quando eu ganhei, não tinha nada: ninguém para cuidar de redes sociais, para vender shows… Depois que fui entendendo o meio, percebi que precisava de uma equipe de suporte e comecei a criar meu escritório. Hoje, o Jammil tem toda essa parte disponível.”