Bell Marques diz que compõe até em cima do trio

Com 40 anos de carreira o veterano, que começou em 1992, o ex-vocalista do Chiclete com Banana diz que é normal compor algo novo.


Por Folhapress Publicado 29/07/2019
Ouvir: 00:00
Reprodução (Divulgação)

Com o celular e um fone nas mãos, Bell Marques chegou na noite deste domingo (28) para o quarto e último dia de shows no festival Fortal, que acontece em Fortaleza.

Estava pronto para passar o som e mostrar para a banda o arranjo que havia feito horas antes e já seria apresentado no evento. 

Com 40 anos de carreira e veterano do evento, que começou em 1992, o ex-vocalista do Chiclete com Banana diz que é normal compor algo novo, mudar arranjos ou mesmo uma letra, às vezes em cima do trio, surpreendendo até sua banda. “Assim, todo show é diferente do outro, essa é a magia”, afirma. 

“Não existe um repertório, não existe um arranjo preparado. A gente se diverte em cima do palco, vai mudando e as pessoas vão assimilando junto da gente. E a gente vai fazendo com que aquilo se torne novo, apesar de repetitivo, ele se torna novo para as pessoas”, completa o músico. 

Presença garantida no Fortal desde a criação do evento, o cantor de 66 anos foi o único artista a se apresentar nos quatro dias de festival, somando mais de 15 horas em cima do trio, chegando a tocar ao lado dos filhos Rafa e Pipo, que formam a dupla Rafa e Pipo Marques, também atração da micareta. 

Mas como aguentar essa maratona de shows? Nem Bell sabe dizer: “Acho que o corpo acostuma, quando você fica ligado consegue criar mais energia para aquilo o tempo inteiro. Quando eu saio aqui do trio, vou, durmo, mas logo que acordo pego a guitarra e fico até a hora de sair tocando, fazendo música.” 

A expectativa de descanso fica apenas para o pós-show, afirma Bell, comparando o evento ao Carnaval de Salvador. “Quando chega Quarta-Feita de Cinzas o cébrero assimila que acabou, aí pronto: viro um bagaço. Mas acho que é isso, quando eu estou na ativa, o cérebro está trabalhando e não me deixar parar”. 

Talvez resultado desse pique, Bell afirma que, apesar dos mais de 40 anos de carreira, vive hoje sua melhor fase profissional, com grandes shows, sempre lotados. Ele destaca o próprio Fortal, que ele acreditava que seria abalado pela situação econômica do país, mas que lotou em seus quatro blocos. 

Segundo o cantor, já dá até pra ver uma nova geração aparecendo em seus shows. Jovens, muitas vezes conhecem as músicas do ex-Chiclete com Banana através de seus filhos, que forma a dupla Rafa e Pipo Marques. “Eu não esperava virar mais uma geração, mas agora que virei, se segura”, brinca aos risos. 

Apesar de não ter planos de parar em breve, Bell aposta nos filhos como uma espécie de substitutos para quando “o momento que estiver se resguardando mais”. “Eu seu que eles serão grandes artistas daqui a pouco, e é um orgulho danado, porque são excelentes filhos, pessoas maravilhosas, estou muito feliz.”

“Eles vão conseguir ocupar um espaço na música popular brasileira, lugar de direito. Se eles não fossem competentes, eu jamais apoiaria, não exporia eles. Mas eles são competentes, estudiosos, pessoas dedicadas. Muito parecidos comigo, querem sempre fazer o melhor”, diz ele orgulhoso. 

QUATRO DIAS DE SHOWS
Bell Marques foi o único artista a se apresentar nos quatro dias de Fortal, mas Ivete Sangalo, 47, também acumulou show, puxando trio por duas noites seguidas -em vez das tradicionais duas voltas no corredor da Folia, a cantora fez questão de dar uma a mais no percuso na noite deste domingo.

Aos micareteiros que a seguiam, ela chegou a dizer que foram quase três dias, mostrando uma possibilidade para as próxinmas edições.  

O festival, que está em sua 28 edição acontece por quatro noites, com apresentações das tradicionais micaretas no corredor da Folia, e no palco do Camarote. Gustavo Mioto, 22, por exemplo, se apresentou nos dois núcleos. Ele também foi o único sertanejo a passar pelo circuito de trios neste ano. 

No trio, o estreante Mioto ocupou o lugar que, no ano passado, foi de Gabriel Diniz, que ficou conhecido pelo suscesso “Jenifer” e morreu em maio em um acidente aéreo. O sertanejo aproveitou para adaptar músicas suas e de colegas sertanejos, além de tocar sucessos de Anitta, Gretchen e do próprio Gabriel Diniz. 

Assim como Mioto, Léo Santana, 31, também estreou no Fortal e homenageou o colega morto, conhecido como GD. O baiano também fugiu do protocolo do evento ao pedir para estender sua apresentação, além das duas voltas tradicionais pelo percurso. Pedido que não foi atendido pela produção. 

O festival teve ainda blocos com Wesley Safadão, 30, Alinne Rosa, 37, que substituiu Claudia Leitte, 39 que está na reta final da gravidez de Bella, Harmonia do Samba e Saulo Fernandes, 41. A única saia justa ficou por conta desse último, que afirmou que não retornará ao evento no próximo ano. 

“Por falar em tempo. Por falar em despedida. Queria dizer que a gente não vai fazer o Fortal do ano que vem. A gente vai dar espaço para um monte de gente que quer participar.  

Falta um pouquinho de respeito. Falta…são outros interesses, são outras coisas”, disse o músico, sem explicar a razão do comentário. A jornalista viajou a convite da organização do evento.