‘É o melhor momento da minha carreira’, diz Geraldo Luís sobre retorno à RedeTV!

Hoje, o jornalista prefere programas de auditório e tem um apreço especial por aqueles que passam nas tardes de domingo.


Por Folhapress Publicado 03/10/2023
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Reprodução: Instagram

Começar a carreira como repórter policial no interior de São Paulo não deixou em Geraldo Luís, 52, o gosto por seguir contando casos dramáticos e sangrentos na TV. Hoje, o jornalista prefere programas de auditório e tem um apreço especial por aqueles que passam nas tardes de domingo.


Segundo ele, foi esse o motivo de ele ter saído da Record em maio deste ano, após 16 anos de casa. Um dos rostos mais conhecidos da emissora, ele já havia comandado por lá atrações como Domingo Show e A Noite É Nossa, além do policialesco Balanço Geral Manh㠗neste último, foi rebaixado a repórter da madrugada semanas antes de deixar a emissora.


Segundo ele, os pedidos para ter um programa aos domingos eram frequentes, mas o retorno era sempre negativo. Neste mês de outubro, ele realiza o sonho do dominical próprio na RedeTV!, em sua segunda passagem pela emissora —em 2002, integrou a equipe do Repórter Cidadão, apresentado por Marcelo Rezende (1951-2017). A volta teve extensa negociação; de acordo com ele, em torno de seis meses.


“Eu sou o último popular da televisão, ninguém mais faz programa para o povo”, afirma o apresentador à Folha de S.Paulo. Na entrevista, o jornalista se queixa mais de uma vez sobre a falta do que define como “programas populares” na grade horária brasileira e diz que sua volta à RedeTV! vai resgatar o estilo.


“É uma guerra, mas só a RedeTV! vai poder fazer o que nós estamos fazendo, em questão de liberdade.

As televisões não ousam mais, tudo tem que ter uma grande ideia. Vivemos no país do arroz e feijão, [mas] tem gente que quer fazer estrogonofe com molho flambado para o povo. O povo é mais simples, não quer isso.”


Com o programa Geral do Povo, que começará na segunda quinzena de outubro, Geraldo deve estar ao vivo das 17h45 às 20h40, concorrendo diretamente com Luciano Huck na Globo, Eliana no SBT e Rodrigo Faro na Record. Ele também vai ser rosto de outro programa (o Ultra Show), este gravado e que vai ao ar todas as terças-feiras.


Entre auditório, viagens e histórias de superação, também vai estar lá a plateia, em formato já consagrado pelo dono do bordão “balança”. Tudo bancado pelo patrocinador, a rede de drogarias Ultrafarma.


“Nunca fui tão bem recebido em uma emissora, é o meu renascimento. Acho que é o melhor momento da minha carreira, a emissora vai entrar na história, tenho certeza disso. Quero fazer a RedeTV! incomodar aos domingos”, disse. Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Geraldo Luís.

Pergunta – Por que aceitou fazer essa segunda passagem pela RedeTV?
Geraldo Luís – Uma frase para definir seria “a grande chance”. Eu vejo a TV aberta precisando ser aberta, popular e explicitamente do povo, e a emissora conseguiu me dar essa oportunidade agora.

Vou na contramão de todo mundo e quero dar essa virada de chave nesse grande desafio que é entrar aos domingos à noite brigando de frente com grandes concorrentes. Mas não tenho medo de briga e comigo está o povo.


P. – No início, as pessoas ainda precisam se acostumar com novos programas. Com quantos pontos de audiência o senhor ficaria satisfeito?


G. L. – Não quero muito falar em pontos, a televisão aberta perdeu muita força, vou tentar resgatar os espectadores de domingo. A grande saída para qualquer crise de audiência é a massa. A RedeTV! não me exigiu pontos, mas com certeza posso afirmar que vou dar mais pontos do que o registrado com a programação atual. Eu quero voltar para os domingos, era por isso que eu estava gritando. Quando percebi que na Record não ia acontecer, falei: “Não, quero voltar a fazer o que sei”.


P. – Antes de sair da Record, já vinha pedindo há muito tempo por um novo programa?


G. L. – Sim, há muito tempo. Foi um erro ter tirado o Domingo Show. Quando saiu da grade, eles ressuscitaram o SBT com força total. Foi um erro, e eu realmente estava brigando com a emissora para ter o programa de volta.


P. – E eles chegaram a avaliar a proposta?


G. L. – Não, disseram que não voltariam. Quando apresentei, levei não somente o programa de domingo, mas outras ideias. Mas disseram que o domingo não voltaria.


P. – Você, que sempre se orgulhou de ser querido, mudar para uma emissora que tem menos visibilidade que a casa anterior, não te faz se sentir diminuído?


G. L. – Não. Isso é o bom de ser popular, onde eu vou, o povo vai atrás. Tudo o que comecei na minha vida, comecei pequeno. As ideias de permissão da RedeTV! são imensas. É claro que é uma estrutura menor, mas se estrutura gigantesca desse certo e fosse solução para a televisão aberta, daria sucesso para todo mundo. [Rodrigo] Faro com a equipe que ele tem, o Luciano estaria dando 20 pontos, Eliana também. Estou com uma equipe pequena, mas com experiência no domingo.


P. – Um dos argumentos que usaram antes na Record para tirar o senhor do domingo foi a falta de faturamento. Agora você já estreia com bom patrocinador na RedeTV!. Afinal, o mercado tem preconceito em investir em programa popular hoje em dia?


G. L. – Mas esses programas são populares mesmo? A gente vive no país do preconceito por preconceito, mas a televisão é massa, é o povo que liga a TV aberta. O grande exemplo chama-se Silvio Santos. Popular com as brincadeiras, nos programas com auditório. Eu quero fazer o povo voltar a sentir prazer em assistir televisão aberta, e essa é a grande aposta da RedeTV!. O público dos 40 e 50 anos ainda comanda a televisão, que não exerce mais seu poder. Mas quando virem um programa com que se identificam, eles voltam.


P. – Em um vídeo de divulgação, você define a mudança como um renascimento. Nos últimos anos que esteve no Balanço Geral Manhã, estava se sentindo com pouca relevância?


G. L. – Eu queria voltar para o domingo e eu estava pedindo isso, que alguém me enxergasse. Eu não estou preocupado com números, quero ter produtores e os executivos certos do meu lado. Quero um grande diretor que entenda de TV aberta, que tenha essa visão sem discriminação. Tudo o que é popular vence nas eleições.


P. – Estipularam algum tempo para cumprir metas?


G. L. – A meta principal é não ser um programa igual aos outros e fazer bem feito, porque, quando você faz isso, o resultado vem. Nunca fui tão bem recebido em uma televisão como eu estou sendo na RedeTV!, fico emocionado. Vai ser desafiador, temos concorrentes com mais dinheiro que a gente.

Acho que é o melhor momento da minha carreira, a emissora vai entrar para a história, tenho certeza disso. Quero fazer a emissora incomodar aos domingos pela audiência e capacidade.