Márcio Garcia recorda ‘Tropicaliente’ e fala de seu novo programa na Globo
“Imagina se existisse um Instagram de ‘Tropicaliente‘ em 1994?”, pergunta Márcio Garcia, 51, ao recordar a novela que foi o seu primeiro trabalho na Globo e que estará disponível a partir desta segunda-feira (14) no Globoplay.
O hoje apresentador, porém, se esquiva de opinar sobre como a trama das seis seria vista em um mundo digital. Cassiano, o personagem interpretado por Garcia, certamente seria apontado como machista por seu ciúme passional da namorada Dalila (Carla Marins) e da irmã Açucena (Carolina Dieckmann).
Mas é provável que as cenas quentes protagonizadas por ele e Marins, correndo e trocando beijos e amassos nas dunas de Fortaleza, viralizassem nas redes.
Para Garcia, o texto de Walther Negrão foi “incrível” em uma época em que a “novela era uma obra que só o autor conduzia”. “Hoje em dia as novelas têm muita influência da opinião direta das pessoas”, analisa destacando como as observações dos internautas, especialmente no Twitter, impactam no que vai ao ar – não exatamente agora, já que por causa da pandemia os folhetins da Globo estreiam com praticamente todos os capítulos já gravados.
Garcia, que tinha feito a Oficina de Atores da Globo e um ano antes foi recusado em teste para fazer parte do elenco da minissérie “Sex Appeal”, estava apresentando um programa de esportes na MTV quando foi chamado para “Tropicaliente”.
Ele chegou a manter os dois trabalhos simultaneamente por três meses, se dividindo entre São Paulo, onde ficava a sede da MTV, e Rio e Fortaleza, cidades em que eram gravadas as cenas de “Tropicaliente”.
Quem gostou de sua saída do comando da atração de esportes foi sua mãe. “Porque além de ir para a Globo fazer novela, eu iria parar de fazer o programa em que saltava de paraquedas”, recorda aos risos.
Com o sucesso da trama, Márcio Garcia viu a sua vida mudar pela fama. “Não dava para ir ao shopping… Dava para ir, mas não dava para ir e não parar para ficava fazendo foto”, diz. “Foto não, porque ninguém tinha celular com câmera. Era autógrafo”, corrige na sequência.
O apresentador diz que Cassiano de “Tropicaliente” o fez sair da zona de conforto. “Eu sou um cara criado na zona sul do Rio de Janeiro, carioca, e ter que fazer um cara matuto, bem diferente de mim, bem menos simpático, bem mais arredio, bem mais assustado, foi desafiador. O Cassiano viva no mar, era um cara muito casca grossa”, diz.
Embora sinta saudade de fazer novelas (sua última foi “Amor à Vida”, em 2013), Márcio Garcia afirma que não conseguiria encaixar a rotina de gravações na sua vida atual, em que se dedica ao cuidado dos quatro filhos, à carreira de apresentador e a outros negócios.
Mas toparia uma participação menor desde que fosse para um papel “desafiador”. “Que não fosse no lugar-comum, para ter um gatilho bom para fazer. Seria bem legal.” Por enquanto, diz que se sente mais à vontade como apresentador, função em que “não precisa decorar texto” e pode improvisar.
Contratado pela Globo por pelo menos os próximos dois anos, Márcio Garcia alinha com a emissora se seguirá como apresentador do reality The Voice Kids, função que ele assumiu no ano passado. Também formula um novo programa de auditório, com pitadas de Gente Inocente e de Tamanho Família (2016-2019) – este último que foi “congelado” durante a pandemia.
O apresentador diz sentir falta de uma atração na TV aberta que aborde temas familiares sem “preconceitos”. “E sem precisar ser uma família tradicional como a minha, mas para que todas as famílias se sintam abraçadas e transmita essa sensação de liberdade em que qualquer assunto possa ser abordado, obviamente dentro do bom senso”.
As dinâmicas do Tamanho Família poderiam, segundo ele, se tornar um quadro dentro do novo programa, assim como atividades que existiam no Gente Inocente, atração voltada para o público infantil que ele comandou entre 1999 e 2002 na Globo.
“Não tem nada oficializado, mas eu tenho vontade, porque tem muita gente que pergunta do Tamanho Família. Não sei se faríamos novamente a atração, mas poderíamos ter ela como uma base. É uma ideia que está no ar”, conclui.