‘O Jardim de Bronze’ voltou ainda mais sombrio do que antes
A nova safra de episódios estreia neste domingo, na HBO, às 21 horas.
“Estou muito cansado”, conta Joaquín Furriel, por telefone. “As gravações dessa segunda temporada me deixaram esgotado. Vou relaxar uma semana no Rio de Janeiro.”
Assíduo frequentador do Brasil desde criança, quando passava os verões com a família em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, o ator argentino até que fala um português razoável. “Mas era muito melhor quando eu era pequeno”, ri ele.
Furriel só está esperando terminar a promoção da segunda temporada de “O Jardim de Bronze” para sair de férias. A nova safra de episódios estreia neste domingo, na HBO, às 21 horas.
Esta leva não estava nos planos originais dos produtores. O programa foi lançado em 2017 como uma minissérie, baseada no romance do mesmo nome de Gustavo Malajovich. Mas a repercussão foi tão grande que o canal encomendou mais uma temporada.
A trama original girava em torno do desaparecimento da menina Moira, aos cinco anos de idade. Seu pai, Fabián Danubio (vivido por Joaquín Furriel), passa os próximos dez anos em busca dela. Pare de ler aqui se não quiser saber o que acontece.
Moira é encontrada viva no último episódio da primeira temporada, depois que um esquema de tráfico de mulheres é desbaratado. Agora ela agora tem outro nome e não reconhece mais o pai. Mas, para todos os efeitos, os dois têm juntos um final feliz.
Como dar sequência a essa história fechada? Os roteiristas ainda enfrentaram um outro problema: o personagem mais interessante da trama, o detetive particular César Doberti (Luis Luque), havia sido assassinado no meio do caminho.
A solução encontrada foi engenhosa. A segunda temporada deslancha com Doberti ainda vivo, alguns meses antes de morrer. Além de auxiliar Fabián a procurar Moira, ele também está na pista de um outro desaparecido, o adolescente Martín Cosme (Alejo Ramirez Borella). É esta investigação que serve de eixo central para os oito novos episódios.
Andrea (Paola Barrientos), a mãe de Martín, pede ajuda a Fabián para encontrar o filho. Afinal, ambos compartilham um drama parecido.
Mas Fabián não quer se envolver em mais um “quilombo”, como dizem os portenhos. Está tendo dificuldades em se adaptar à nova vida com a filha (Maite Lanata), agora uma adolescente cheia de traumas e rebeldias. E sente-se varado de culpa pela morte de seu amigo Doberti.
O que acontece depois ainda é um mistério -este repórter só teve acesso ao primeiro episódio da nova fase. Mas Furriel garante que “O Jardim de Bronze” estará mais pesado do que nunca. “A primeira temporada foi só um prelúdio”.
Como foi se reencontrar com um personagem tão complexo, depois de um hiato de mais de um ano? “Mais difícil do que eu esperava”, confessa Furriel. “Na vida de Fabián, passaram-se apenas três meses entre uma temporada e outra. Para mim, foram quase dois anos”.
De fato, a carreira de Joaquín Furriel decolou nos últimos tempos. Hoje ele é um dos atores mais requisitados na língua espanhola, filmando tanto na Argentina quanto na Europa. Seus últimos longas incluem “La Quietud”, do argentino Pablo Trapero (exibido na última Mostra Internacional de Cinema de SP), e “Árvore de Sangue”, do espanhol Julio Medem (já disponível na Netflix).
Mas Furriel sonha em trabalhar no Brasil. Talvez em uma coprodução com a Argentina, falando português. “Quem sabe assim eu volto a ser fluente no idioma?”.