Pistas de patinação com lanchonetes retrôs fazem SP voltar aos anos 1980

Como não poderia deixar de ser, a cena é completada por uma lanchonete de decoração retrô, que serve hambúrgueres, cachorros-quentes, batatas fritas e milk-shakes.


Por Folhapress Publicado 30/05/2022
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Reprodução: Roller Dance

Embalados por músicas dos anos 1980, luzes coloridas e um globo espelhado que gira no teto, um grupo de jovens desliza sobre quatro rodinhas de patins e ri quando um colega se esborracha no chão.

Num outro canto, crianças aprendem a dar as primeiras deslizadas nos rolamentos, enquanto outro grupo arrisca dancinhas e manobras sob o ritmo de hits de Madonna, Michael Jackson e Abba.​


Como não poderia deixar de ser, a cena é completada por uma lanchonete de decoração retrô, que serve hambúrgueres, cachorros-quentes, batatas fritas e milk-shakes. A cena poderia facilmente ter saído do musical dos anos 1970 “Roller Boogie” -ou “O Ritmo da Felicidade”, como foi traduzido para o português-, mas estamos na São Paulo de 2022.


Rinques de patinação com inspiração na estética americana dos anos 1970 e 1980 têm pipocado na capital e na Grande São Paulo, sempre com lanchonetes e bares acoplados. Os locais são impulsionados, principalmente, por vídeos de dancinhas sobre rodas que viralizam nas redes sociais.


Foi durante uma visita a uma dessas pistas nos Estados Unidos que o empresário Luciano Loiola resolveu abrir o próprio espaço para patinar em terras paulistanas. Em dezembro do ano passado, ele inaugurou o Roller Dance, o exemplar mais novo dessa lista, no bairro da Liberdade.


Em uma pista de 520 m² feita de madeira envernizada, o público desliza para lá e para cá com patins do modelo quad -aquele que tem duplas de rodas na frente e atrás, acopladas a botas que são amarradas com cadarços e que abusam das cores.


Um DJ comanda a trilha sonora, que vai do disco ao k-pop, enquanto luzes coloridas piscam pelo salão.

“É uma balada sobre rodas”, resume Loiola. Para completar, o ambiente reúne fliperamas, mesas de sinuca e de pebolim, uma lanchonete e um bar.


Os visitantes podem levar os próprios patins ou alugar um dos 300 equipamentos disponíveis pelo preço de R$ 20 para um período de quatro horas. Além disso, monitores ficam de plantão para auxiliar os novatos e ensinar coreografias.


Embora seja recente, o endereço, que surgiu durante a pandemia de Covid-19, acabou se beneficiando de uma maior procura pela patinação durante a quarentena. Hoje, o espaço chega a receber 300 pessoas por dia, calcula o dono. Tanto que um segundo rinque será inaugurado na região da Mooca nos próximos meses.


O interesse dos paulistanos pela patinação ganhou força com vídeos em redes sociais como TikTok e Instagram -a exemplo das publicações da senegalesa Oumi Janta, que viralizaram no seu perfil de quase um milhão de seguidores.


Outro dos endereços tradicionais para patinar na cidade é o Roller Jam, que surgiu há dez anos na Mooca e tem uma segunda unidade, em Moema. O fundador, Luiz Morcegão, faz parte da cena de patinação desde os anos 1980 e viu surgirem e desaparecerem outros rinques na cidade, que já tinham sido febre décadas atrás.


O público variou de lá para cá, ele diz. Morcegão conta que os adolescentes de anos atrás hoje são adultos e retornam com a família às pistas, que vêm recebendo hoje em dia mais mulheres e grupos de patinadores.


O espaço funciona no mesmo esquema. Um salão de ambiente retrô é recheado de luzes de LED coloridas e abriga um tablado de madeira de 450 m², fliperamas, um restaurante com cardápio de lanches e milk-shakes e, para os adultos, bebidas alcoólicas -mas é proibido entrar na pista depois de uns goles. Há 500 pares de patins quad para aluguel, que custa R$ 20 para um período de três horas.​


Os rinques não se limitam apenas à capital paulista, porém. Há seis anos, a Roller Dancing abriu as portas em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Por lá, a pista mede 400 metros quadrados e é decorada por luzes coloridas, grafites e telões que exibem videoclipes e vídeos de patinação. Na playlist, dominam as músicas que fizeram sucesso entre os anos 1980 e 2000.


Uma lanchonete de estilo retrô e fliperamas dão o toque final. Por causa do tamanho do salão e por oferecer diversão em um ambiente fechado que já inclui restaurante, esses endereços são frequentemente procurados para abrigar festas de aniversário. O Roller Dancing, por exemplo, chega a receber 15 festas em apenas um fim de semana.


Vital Regis, fundador do local, também aponta uma explosão recente na procura pelo espaço e uma demanda maior pelas aulas de patinação, que vão do nível básico ao avançado e incluem orientações específicas para aprender a dançar sobre rodas.


Existem até pistas itinerantes na cidade -caso da Space Roller, que percorre shoppings. Depois de passar pelo Anália Franco, na zona leste, ela agora está montada no shopping Vila Olímpia até a próxima terça, dia 31. Ainda não há informações sobre migrar para outro centro comercial.


Mas, por estar instalada em meio a lojas e a pessoas segurando sacolas, a pista não consegue ter o mesmo charme dos rinques que lembram discotecas. Lembra mais aqueles supermercados com atendentes que andavam de patins nos anos 1990. O que não deixa de também ser retrô, é claro.

Roller Dance
R. Galvão Bueno, 351, 3º andar, Liberdade, região central, tel. (11) 3277-4791. Entrada: R$ 20. Locação de patins: R$ 20

Roller Dancing
R. Nelly Pellegrino, 735, São Caetano do Sul, WhatsApp (11) 96333-5610. Entrada: R$ 25 a R$ 30. Locação de patins: R$ 30

Roller Jam
Al. dos Nhabiquaras, 1.980, Moema, região sul. R. Fernando Falcão, 393, Mooca, região leste, rollerjam.com.br. Entrada: R$ 30 a R$ 45. Locação de patins: R$ 20

Space Roller
Shopping Vila Olímpia – r. Olimpíadas, 360, Vila Olímpia, região sul. Até 31/5. R$ 30 a R$ 45