Com Letícia Spiller e Marcos Mion, montagem do musical ‘Zorro’ ganha clima de boteco

A peça de Cruz se baseia numa adaptação musicada que estreou em Londres em 2008, com canções do grupo Gipsy Kings e John Cameron.


Por Folhapress Publicado 13/08/2019
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Reprodução (Divulgação)

Passou pela cabeça do diretor Ulysses Cruz vestir de terno o vilão da peça “Zorro – Nasce uma Lenda”, em cartaz no 033 Rooftop do Teatro Santander. O antagonista, um déspota ressentido, faria então referência direta “aos políticos tiranos que estão se espalhando pelo mundo”.

No fim das contas, prevaleceu o folclórico colete escuro e as calças largas, porque Cruz chegou à conclusão que não era necessário ser explícito. “O público vai entender”, diz. 

Vivido por Marcos Mion, o vilão é Ramon, cruel representante de um patriarcado violento. Ramon é irmão de Don Diego de La Vega (Bruno Fagundes), sua antítese, nobre de origem espanhola que, para proteger o povo da Califórnia, assume a máscara de Zorro.

Lendário, o personagem já ganhou diversas versões na literatura, no cinema, nos quadrinhos. A história original foi criada em 1919 pelo escritor americano Johnston McCulley. A peça de Cruz se baseia numa adaptação musicada que estreou em Londres em 2008, com canções do grupo Gipsy Kings e John Cameron.

A peça também se aproxima da versão do livro de Isabel Allende, “Zorro – Começa a Lenda”, de 2006. Na obra, a autora chilena romanceia a juventude do personagem. No início da história, ele se dedica a estudos na Espanha, até o dia em que conhece um grupo de ciganos. Mais adiante, a par das vilanias do irmão, volta a Los Angeles. 

É o século 19, e a cidade ainda está sob domínio espanhol. Com Zorro, embarcam seus amigos ciganos, entre eles Inez, personagem vivida agora por Letícia Spiller.

No primeiro time do elenco, em que há músicos tocando o violão flamenco, ainda atua Nicole Rosemberg, como Luisa, par romântico do herói. A peça ocupa dois palcos paralelos, entre os quais o público se senta –são mesas, como num bar.

Cruz conta que já havia visto uma encenação do mesmo musical em Amsterdã. Era “muito quadrada” e “não funcionava”. Depois de convidado a dirigir a peça, disse que “aquilo bateu na minha cabeça de um jeito ruim”. 

O diretor, porém, deu uma chance e conciliou esse trabalho com outra produção em curso. Cruz está dirigindo um espetáculo com canções de Luan Santana, “Isso que É Amor”, que tem estreia marcada para setembro.

Foi fundamental para que Cruz topasse dirigir Zorro, ele conta, o foco na juventude do herói mascarado e situações que o humanizam. A condição foi cortar o espetáculo original de três horas para uma hora e meia. 

“Vamos combinar, musical de três horas, no Brasil, não dá”, diz. “Musical é uma tradição que vem de fora e que não tem nada a ver conosco. Lá tem um ritual. Aqui não. Aqui tem perigo, tem dificuldade para chegar”, conclui.