Vilão pode ser pedófilo pois é tudo ‘mentirinha’, diz Porchat sobre filme de Gentili

O trecho da comédia que suscitou a polêmica foi publicado por Frias no domingo (13).


Por Folhapress Publicado 15/03/2022
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Reprodução: Instagram

O humorista Fábio Porchat se manifestou nesta segunda (14) sobre a polêmica envolvendo o filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, de 2017, protagonizado por ele e por Danilo Gentili. O secretário especial da Cultura, Mario Frias, chegou a afirmar que a produção faz apologia do abuso sexual infantil.


O trecho da comédia que suscitou a polêmica foi publicado por Frias no domingo (13). Na cena, o personagem de Porchat instiga dois garotos menores de idade a pararem de discutir e pede que o masturbem. As crianças reagem com surpresa, negando o pedido.


“O que é isso, preconceito nessa idade? Isso é supernormal, vocês têm que abrir a cabeça de vocês”, diz o personagem do humorista, que em seguida abre a braguilha da calça e puxa a mão de um dos meninos em direção a ela.


Segundo Frias, a cena é uma afronta às famílias, e o longa usa a pedofilia como forma de humor. Ele disse ainda que tomará medidas cabíveis para que as crianças não sejam “contaminadas por esse conteúdo sujo e imoral”.


Em nota enviada à coluna por meio de sua assessoria de imprensa, Porchat afirma que “temas super pesados são retratados o tempo todo no audiovisual” e que vilões podem assumir papeis de racistas, pedófilos e nazistas, uma vez que são ficcionais.


“Vamos lá: como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas”, afirma Porchat em nota.


“O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorrah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá, gente? Essas pessoas na vida real não são assim. Temas super pesados são retratados o tempo todo no audiovisual”, continua.


Ele afirma ainda que quando “o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado”.


“Às vezes é duro de assistir, verdade. Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional Cidade de Deus? Ou tráfico de crianças em Central do Brasil? Ou a hipocrisia humana em O Auto da Compadecida. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha”, finaliza.


​Na manhã desta segunda-feira (14), o ministro da Justiça, Anderson Torres, disse que “tomou conhecimento de detalhes asquerosos do filme” e que determinou à pasta que tome providências sobre o assunto.


“Como se Tornar o Pior Aluno da Escola” está disponível no catálogo da Netflix. Procurada, a plataforma de streaming disse que não vai se posicionar sobre o caso.