Gianecchini estrela ‘Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças’ nos palcos
Vencedor do Oscar de melhor roteiro original, o longa que inspirou a peça narra a história de Joel e Clementine, papéis de Jim Carrey e Kate Winslet –o Jesse e a Celine.
Derivado da anfetamina, o sintético MDMA, ou MD, é um psicoativo popularmente conhecido como “a droga do amor“, porque aumenta o desejo sexual de seus usuários. Mas, na peça distópica “Brilho Eterno“, de Jorge Farjalla, ele serve mesmo para apagar qualquer desilusão amorosa da memória de um apaixonado.
O espetáculo, que estreia nesta sexta-feira, no teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, é uma adaptação do filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, de Michel Gondry, e traz os atores Reynaldo Gianecchini e Tainá Müller nos papéis de Jesse e Celine, um ex-casal que dropa a “droga do amor” para tentar esquecer tudo o que já viveu junto.
“Quem nunca quis apagar um grande amor de sua vida?”, questiona Farjalla. “‘Brilho Eterno’ é sobre um padrão de comportamento que se repete. Tentamos apagar pessoas, mas nunca conseguimos porque esse tipo de sentimento sempre fica na memória.”
Vencedor do Oscar de melhor roteiro original, o longa que inspirou a peça narra a história de Joel e Clementine, papéis de Jim Carrey e Kate Winslet –o Jesse e a Celine.
Depois de descobrir que sua ex-namorada foi cobaia de um experimento científico que a fez esquecer o relacionamento deles, Joel surta e resolve copiar Celine, excluindo a amada de sua mente. No meio do processo, porém, percebe que não só continua apaixonado pela jovem, como também deseja manter todas as suas lembranças intactas, sejam felizes ou dolorosas.
Farjalla traz a história do filme, lançado em 2004, para os tempos atuais, marcados por relações online e de solidão pandêmica, e apresenta uma versão feminista do enredo.
Se no longa vemos o personagem de Jim Carrey obcecado pela amada, e com desejo de exercer certa posse sobre ela, na peça essa postura é frequentemente criticada por Celine, que veste uma pinta de feminista e gosta de problematizar machismos.
“É cada vez mais comum debater conceitos como monogamia, relações tóxicas e poderes de gênero”, afirma Müller, que, segundo o diretor, é quem sugeriu adaptar a narrativa para uma linguagem mais crítica e próxima das discussões contemporâneas do feminismo.
Seguindo uma cronologia não linear –dividida entre o pré, durante e pós-pandemia–, o espetáculo traz também as complicações que o coronavírus levou aos relacionamentos amorosos e adere ao visual mascarado do período, em algumas cenas.
“Mas a principal pandemia que abordamos no espetáculo é aquela da paixão. Partimos da ideia de que o amor é um vírus letal”, afirma Farjalla.
“Apesar de a peça ser leve e engraçada, é capaz de tocar em muitas feridas”, acrescenta Gianecchini. “Namorar é muito difícil. Todo mundo sofre por amor e tem sombras que nunca foram resolvidas. Na peça, vemos duas pessoas machucadas que se encontram e unem suas dores e desejos. É um quebra-cabeça.”
“Brilho Eterno” é o primeiro espetáculo que Gianecchini trabalha desde que saiu da Globo, em meio a uma demissão em massa da emissora, no ano passado. O artista diz que a peça marca esse novo momento de sua vida, em que está “experimentando novos caminhos no streaming e nos palcos”.
“Além de ator, também sou produtor da peça. Tem sido um período muito importante”, diz o ator. “É um marco da minha nova fase.”
BRILHO ETERNO
Quando De 25 de março até 12 de junho. Sex.: às 21h; sáb.: às 17h e 21h; dom.: às 18h
Onde Teatro Procópio Ferreira – r. Augusta, 2823, São Paulo
Preço Entre R$ 35,00 e R$ 180,00
Classificação 12 anos
Elenco Reynaldo Gianecchini, Tainá Müller e Wilson de Santos
Direção Jorge Farjalla
Link: https://www.sympla.com.br/