Fábio Jr. volta às telas para atuar com os filhos Cleo e Fiuk em ‘Me Tira da Mira’
Uma boa sacada do filme são piadas que se sustentam pelo fato de o público conhecer de antemão as relações familiares do trio.
“Só assim mesmo para a gente se reunir”, diz Cleo para Fábio Jr. e Fiuk. Pai e filhos, conhecidos em todo o Brasil, eles parecem estar felizes nas janelinhas do aplicativo Zoom, na tela do computador do repórter. Antes de começar a entrevista, passam um tempinho conversando entre eles, reclamando da agenda complicada que não deixa que se encontrem com frequência. Nesse ambiente familiar, Fiuk é chamado pelos outros várias vezes de Filipe, seu nome verdadeiro.
Mas os três tiveram um período muito grande de convivência no ano passado, no set de filmagem de “Me Tira da Mira”, uma comédia policial que estreia nos cinemas como representante de um gênero não muito frequente na produção nacional. Não é um filme “sério”, engajado, de festival, nem a comédia escrachada que domina bilheterias no país. É um filme leve, com mistura dosada de aventura, comédia e romance, como os franceses fazem bem.
“Acho que a gente não pensou nessa questão do diferencial, na mistura de gêneros”, começa a falar Cleo, que estreia como produtora executiva de um filme neste projeto. “Tem romance, humor e ação, mas a gente conta uma boa história. Gosto de assistir a comédias escrachadas e filmes seriões. Mas os que costumam ficar marcados na minha memória e quero ver de novo costumam ser esses em que os gêneros ficam permeando a história.”
“Mistura” também é um bom adjetivo para o elenco do longa. Além do trio da família Ayrosa Galvão, o casting comandado pelo diretor Hsu Chien juntou atores profissionais consagrados, como Sergio Guizé, Julia Rabello, Silvero Pereira, Vera Fischer e Stênio Garcia, a nomes que trazem ao projeto uma popularidade enorme vinda de outras mídias, como as influencers Viih Tube e GKay e o ex-BBB Kaysar Dadour, sírio naturalizado brasileiro que se tornou ator profissional depois do reality.
No filme, Cleo é Roberta, uma policial civil que se infiltra numa clínica de realinhamento energético para investigar a morte da atriz Antuérpia Fox, uma participação especial de Vera Fischer. Filha do policial veterano Jorge –Fábio Jr.–, ela tem ajuda dos colegas Lucas, papel de Fiuk, e Rodrigo, este seu namorado, numa relação de junta-e-separa.
Uma boa sacada do filme são piadas que se sustentam pelo fato de o público conhecer de antemão as relações familiares do trio.
O projeto, aliás, nasceu com a ideia de reunir os três. “Eu já queria trabalhar com a minha família. Desde o início já tinha pensado nos dois. Eu e meu pai, a gente vem seguindo um movimento de se reencontrar que passa muito pela arte”, conta Cleo.
“Estava completamente envolvido com a carreira musical. E Cleo foi aos poucos me chamando para atuar”, diz o pai, lembrando do trabalho deles juntos em “Qualquer Gato Vira-Lata 2”. “Ela está me resgatando. Estou matando as saudades de interpretar.”
Uma característica comum a pai e filhos é equilibrar a carreira entre a música e a atuação. Cleo e Fiuk alternam personagens em cinema e TV com projetos musicais. No caso de Fábio Jr., tudo ganha outra dimensão, muito maior. Ele começou como cantor, mas a ida para a Rede Globo e o sucesso estrondoso de personagens como Hélio, de “Ciranda Cirandinha”, Roberto Mathias, de “Roque Santeiro”, e, principalmente, Jorge Tadeu, de “Pedra sobre Pedra”, o transformaram em ídolo nacional, desejado por legiões de fãs. Depois, veio a fama internacional cantando.
Fábio concorda que durante muito tempo incomodou a insistência de parte das pessoas no Brasil não entenderem bem um artista de vários ofícios.
“Fazendo shows, novela na Globo, com uma exposição dessas, sempre tinha alguém perguntando se eu era ator ou era cantor! É um tipo de preconceito, né?” Fiuk acha que isso está melhorando, as pessoas já aceitam. Cleo rebate: “As coisas estão mudando, pouco. Eu encontrei bastante preconceito, ainda encontro.”
Quando lançar filmes em plataforma de streaming está se tornando corriqueiro, Cleo insistiu em levar “Me Tira da Mira” ao cinema, mesmo com a concorrência de blockbusters como “Batman”.
“Uma das coisas que mais me deixam feliz e aliviada é o surgimento das plataformas. Dá muita liberdade, você fica mais dono do seu trabalho. Mas queria que saísse nos cinemas. Comecei no cinema, tem um significado especial para mim. Queria o meu primeiro filme como produtora executiva na telona. É quase um ‘statement’! Quase não, é isso mesmo, uma declaração de amor ao cinema.”
E com potencial de ser uma franquia, com os mesmos personagens. “A gente já está pensando no dois”, diz Cleo.