Paulistanos que tomaram Janssen buscam postos para reforço com Pfizer

A decisão de autorizar o reforço da Pfizer segue orientações de um documento do governo estadual, que já havia permitido essa ação em caso de falta da Janssen.


Por Folhapress Publicado 01/12/2021
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Reprodução: Divulgação

As pessoas que tomaram a vacina de dose única da Janssen na cidade de São Paulo foram aos postos da capital paulista nesta terça-feira (30) atrás da dose de reforço da Pfizer –a medida foi anunciada pela prefeitura na segunda (29).


A decisão de autorizar o reforço da Pfizer segue orientações de um documento do governo estadual, que já havia permitido essa ação em caso de falta da Janssen.


A reportagem visitou duas UBSs na região central da cidade nesta terça. Nenhuma das unidades registrou grandes filas, mas ambas mostraram um movimento contínuo.


O procurador Artur Barbosa, 41, tomou a Janssen no início de julho e, neste terça, foi até a UBS Nossa Senhora do Brasil Doutor Armando D’Arienzo, na Bela Vista, para receber um novo imunizante.


“Fiquei sabendo ontem que iam dar o reforço. Mas a gente sempre fica em dúvida se a unidade que a gente vai procurar tem a vacina, não sabia direito onde procurar, mas resolvi arriscar onde tomei a primeira vez”, disse. “A vacina que tiver eu tomo”, seguiu.


Favorável as vacinas a professora Flávia Fontes, 41, também comemorou a dose adicional. “Sou da década de 1980, minha geração cresceu sendo vacinada”, afirmou. “Se a vacina tivesse vindo antes para o Brasil, eu não teria perdido minha tia”, conta. Segundo ela, a tia, então com 89 anos, morreu em novembro do ano passado após ter contraído Covid-19 de um cuidador.


Na UBS Humaitá, também na Bela Vista, a procura pela dose adicional era ainda maior entre aqueles que haviam tomado Janssen. No local, havia muita reclamação sobre o desencontro de informações.


“Primeiro falaram que quem tomasse a Janssen tomaria uma dose única, depois começaram a dizer que as pessoas teriam que tomar uma segunda dose da mesma vacina e, no final, estamos tomando reforço com uma outra vacina. A gente fica confuso com tanta informação desencontrada. Para variar é sempre essa bagunça”, disse o corretor de seguros, Marco Aurélio Rubio Teixeira, 46.


A reclamação de Teixeira se refere a informação dada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no último dia 16, quando chegou a anunciar que uma segunda dose da Janssen deveria ser aplicada dois meses após a primeira na população adulta.


Segundo o Ministério da Saúde, a dose de reforço deveria ser usada após cinco meses do esquema primário completo. Recentemente, o órgão federal acenou com a possibilidade de recuar na decisão de aplicar uma segunda dose da vacina da Janssen como parte do esquema primário. A pasta deve adotar apenas a dose de reforço para quem tomou o produto contra a Covid.


A vacina da Janssen é a única aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em dose única. As vacinas da Pfizer, Coronavac e AstraZeneca precisam de duas doses para o esquema primário completo.


“Quero ser vacinado não importa qual vacina, vamos acreditar na ciência”, continuou Teixeira. “O importante é se imunizar”, reforçou Johnny Nastri, 37, produtor de conteúdo, que também estava na fila atrás da dose adicional (reforço).


Já a dona de casa, Ana Célia, 46, que mora junto com o marido e dois filhos, aguardava a sua vez e não escondia a vontade de receber o mesmo imunizante que tomou da primeira vez. “Se tivesse Janssen, eu preferia tomar ela de novo”, afirmou. “Mas disseram que vai ser da Pfizer, então, a gente tem que confiar, não é? A gente confia desconfiando”.


De acordo com números divulgados pela Prefeitura de São Paulo, mais de 300 mil pessoas receberam a dose única da Janssen na capital. Ainda não foi divulgado o número de pessoas que recebeu a dose de reforço nesta terça.


A campanha de vacinação contra a Covid-19 continua na cidade. Os representantes da Saúde do município anunciaram que não é mais preciso apresentar um comprovante de residência para se vacinar em um dos postos da rede municipal de saúde. Antes, a medida era exigida como uma forma de evitar que moradores de outros municípios viessem aos postos da capital paulista.