Mister M estreia show e quer se manter sob holofotes após ser perseguido por mágicos
A partir desta quinta-feira, dia 9, o mágico mascarado estará em cartaz no teatro Procópio Ferreira, na capital paulista, com o espetáculo "Mister M Experience".
Sensação da TV entre os anos 1990 e 2000, Mister M, ou Val Valentino, fez morada no Brasil durante a pandemia, voltou para os Estados Unidos quando a situação abrandou e, agora, reencontra o país que o acolheu para uma série de shows.
A partir desta quinta-feira, dia 9, o mágico mascarado estará em cartaz no teatro Procópio Ferreira, na capital paulista, com o espetáculo “Mister M Experience”. Nele, levará para perto do público, sem a mediação das telas, um pout-pourri de alguns dos melhores truques de sua carreira, exibidos aos montes na televisão.
“A oportunidade veio, estou aqui e vou seguir o que meu instinto me manda fazer. É uma decisão passional [começar a turnê no Brasil]”, diz ele, que definiu o itinerário do show, que só segue para outros estados e países no ano que vem, após ganhar uma segunda casa no país devido ao lockdown da Covid-19.
Em viagem de férias em março de 2020, ele foi pego de surpresa pelo fechamento das fronteiras. Por isso, precisou permanecer em solo brasileiro, até que um câncer de próstata que vinha tratando piorou e o obrigou a ser operado longe de casa. A energia dos fãs daqui, diz, foi essencial para sua recuperação.
Ele ri da ideia de ter enganado a morte com sua mágica e resume a situação à sorte. Valentino quer, agora, fazer um retorno triunfal aos palcos, que por determinado momento pensou que jamais veria de novo, devido à gravidade do câncer.
Não foi só a doença que ameaçou o mágico mascarado, no entanto. Em 2019, diz ter morrido por três minutos após um mal súbito e, antes disso, teve que lidar com a morte da mãe, de quem era muito próximo. O ostracismo no qual caiu também contribui para anos turbulentos.
Mesmo no Brasil foi possível notar um repentino desinteresse por sua máscara preta com traços brancos na última década, depois de se tornar figura marcante em quadros do Fantástico, nos anos 1990, e depois na Record, nos 2000.
No início da carreira, Valentino teria um especial de uma hora na Fox, mas a audiência foi tanta que novos projetos vieram e um império, aos poucos, foi tomando forma, com programas, especiais, shows e produtos licenciados.
Exibidos em todo o mundo, seus truques fizeram sucesso até mesmo em lugares onde a mágica, por questões culturais, não era bem vista. Segundo o mascarado, sua popularidade na China fez com que o governo legalizasse a prática de ilusionismo.
“Isso deixou alguns mágicos com raiva, eles vieram atrás de mim”, afirma sobre a exposição e o rompimento da máxima de que um bom mágico não revela seus truques, como ele fez na televisão.
Seu quadro no Fantástico chegou a ser tirado do ar depois que uma associação de mágicos no Brasil entrou na Justiça alegando que o performer gerou desinteresse por aquele ofício e que muitos tiveram perdas financeiras por não poderem mais usar equipamentos de truques revelados nas telas.
Questionado se ele se considera alguém perseguido, Valentino diz que com certeza.
Em parte, também, por sua propensão a abraçar a tecnologia. Não é possível ser purista, ele acredita, e é preciso assimilar os novos tempos para manter a mágica em alta.
“Os mágicos sempre usaram a ciência, e nós ainda temos que fazer isso. Os jovens às vezes conhecem a tecnologia, mas não dominam o deslize da mão num truque. Precisamos combinar as coisas”, afirma sobre o caminho para preservar essa expressão cultural.
Em “Mister M Experience”, Valentino quer se reencontrar com os velhos fãs, mas também atrair os jovens, que não cresceram sob a sombra mística de sua figura na televisão. Cid Moreira, que narrava seu quadro no Fantástico, retoma a parceria na turnê, com sua voz inconfundível.
“Eu amo o Cid Moreira, ele é fantástico. É como se fôssemos a mesma pessoa”, diz Valentino, sem perceber o jogo de palavras ao mencionar o apresentador do dominical.
MISTER M EXPERIENCE
- Quando Qui. e sex., às 21h. Sáb., às 17h e 21h. Dom., às 18h. Até 26/11
- Onde Teatro Procópio Ferreira – r. Augusta, 2.823, São Paulo
- Preço R$ 120 a R$ 150