Morre Erasmo Carlos, grande ícone do rock nacional e da Jovem Guarda, aos 81 anos

A morte foi confirmada pela gravadora Som Livre, que não informou a causa.


Por Folhapress Publicado 23/11/2022
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Reprodução: Divulgação

Morreu nesta terça-feira (22), aos 81 anos, o cantor Erasmo Carlos, compositor de canções clássicas, a maioria delas escrita com o parceiro Roberto Carlos, e um dos maiores nomes da história da música nacional. A morte foi confirmada pela gravadora Som Livre, que não informou a causa. Ele estava internado num hospital na zona oeste do Rio de Janeiro.


A primeira -e maior- paixão musical de Erasmo foi o rock’n’roll. Obcecado desde a adolescência pelo ritmo “selvagem” de Elvis Presley e Little Richard, ele foi um dos maiores símbolos do rock brasileiro, um astro que encarnou a imagem do rebelde e cantou sobre carros vermelhos, gatinhas manhosas e sua própria fama de mau.


Mas Erasmo foi muito mais que isso. O rock, na verdade, representou uma fase curta em sua carreira. Erasmo logo se libertou das amarras criativas da Jovem Guarda e se estabeleceu como um dos maiores compositores do pop e da música romântica brasileira, especialmente devido às centenas de canções escritas com o parceiro Roberto Carlos.


Começando em 1963 com “Parei na Contramão”, a parceria de Roberto e Erasmo é uma das mais longevas e a mais bem-sucedida da história da música brasileira, rendendo inúmeros sucessos: “Emoções”, “Detalhes”, “Sentado à Beira do Caminho”, “As Curvas da Estrada de Santos”, “Se Você Pensa”, “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”, “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”, “Como é Grande o Meu Amor por Você” e muitas outras.


Em julho de 2021, quando Erasmo completou 80 anos, reportagens levantaram o número de composições registradas no nome dele. Totalizaram 682, a grande maioria em parceria com Roberto.


Das 20 músicas dele mais tocadas em rádios e serviços de streaming, apenas uma -“O Calhambeque”, versão em português de “Road Hog”, de John e Gwen Loudermilk- não foi composta em parceria com o “Rei”, embora tenha sido gravada por ele.


Mas Erasmo foi muito mais que isso. O rock, na verdade, representou uma fase curta em sua carreira. Erasmo logo se libertou das amarras criativas da Jovem Guarda e se estabeleceu como um dos maiores compositores do pop e da música romântica brasileira, especialmente devido às centenas de canções escritas com o parceiro Roberto Carlos.


Começando em 1963 com “Parei na Contramão”, a parceria de Roberto e Erasmo é uma das mais longevas e a mais bem-sucedida da história da música brasileira, rendendo inúmeros sucessos: “Emoções”, “Detalhes”, “Sentado à Beira do Caminho”, “As Curvas da Estrada de Santos”, “Se Você Pensa”, “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”, “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”, “Como é Grande o Meu Amor por Você” e muitas outras.


Em julho de 2021, quando Erasmo completou 80 anos, reportagens levantaram o número de composições registradas no nome dele. Totalizaram 682, a grande maioria em parceria com Roberto.
Das 20 músicas dele mais tocadas em rádios e serviços de streaming, apenas uma -“O Calhambeque”, versão em português de “Road Hog”, de John e Gwen Loudermilk- não foi composta em parceria com o “Rei”, embora tenha sido gravada por ele.


O repertório consistia, basicamente, de versões em português de rocks e baladas em inglês e italiano. Mas nem todo mundo gostava: uma ala da MPB mais tradicionalista via a Jovem Guarda como exemplo de “entreguismo” e subserviência a ritmos estrangeiros.


Em 17 de julho de 1967, jovens músicos brasileiros, como Elis Regina, Edu Lobo, Gilberto Gil e Jair Rodrigues, se reuniram no centro de São Paulo para uma passeata contra um inimigo poderoso: a guitarra elétrica. A MPB temia e rechaçava o rock, e a Jovem Guarda era vista como uma adversária.


Quando a Jovem Guarda acabou, em 1968, o único de seus integrantes que conseguiu fazer uma transição musical tranquila e bem-sucedida foi Roberto Carlos, que se firmou como o maior cantor romântico do Brasil.


Erasmo passou por uma fase difícil. Os ex-integrantes da Jovem Guarda eram malhados pela crítica e por outros artistas, que os recriminavam por ter feito música comercial e considerada de baixa qualidade. Em uma entrevista a Ruy Castro, publicada na revista “Playboy”, Erasmo credita o diretor da gravadora Polygram, André Midani, como o “salvador” de sua carreira: “O André me levou para a Polygram, me deu plena liberdade e me disse: ‘Você vai gravar o que quiser, com quem quiser, da forma que quiser. Faça o que você quiser, mas faça. É importante qualquer coisa que você crie'”.


O primeiro disco de Erasmo na gravadora foi “Carlos, Erasmo”, um LP audacioso, com influências de samba-rock, soul music e rock psicodélico, que trazia letras eróticas (“Dois Animais na Selva Suja da Rua”, de Taiguara) e até uma ode à maconha, “Maria Joana”, composta em parceria com Roberto Carlos: “Só ela me traz beleza/ nesse mundo de incerteza/ quero fugir, mas não posso/ esse mundo inteirinho é só nosso”. O disco seguinte de Erasmo foi igualmente marcante: “Sonhos e Memórias”.


A produção de Erasmo nos anos 1970 foi marcada por canções surpreendentes, como a irônica “Sou uma Criança, Não Entendo Nada”, e a autobiográfica “Filho Único”, uma das letras mais fortes já feitas sobre a separação de um filho e uma mãe: “Não sou mais menino / Não é justo que também queira parir meu destino”.


Na década de 1980, com a explosão de Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, RPM e Barão Vermelho, Erasmo foi alçado à justa posição de pioneiro do rock no país, sempre citado como influência e inspiração (com exceção de sua infeliz escalação na noite do heavy metal no primeiro Rock in Rio, em 1985, quando enfrentou a fúria da turba cabeluda).


Nesse período, além de continuar a agradar ao público quarentão com as baladas românticas feitas em parceria com Roberto, Erasmo fez imenso sucesso entre as gerações mais jovens com canções pop como “Mulher (Sexo Frágil)” e “Pega na Mentira”, que tocaram muito em rádios FM.


Erasmo Carlos deixa um legado imenso à música e à cultura popular do Brasil. Por mais de seis décadas, fez parte de nosso dia a dia, na TV, no rádio e em disco. Sua arte reflete o apelido dado, nos anos 1970, pela amiga Lucinha Turnbull: “Gigante gentil”.


Erasmo era um tipo grande e corpulento, e seu visual roqueiro lhe conferia, à primeira vista, a impressão de um sujeito raivoso e ameaçador. Mas era só fachada: a verdade é que suas canções transbordavam delicadeza e sensibilidade e, por isso, atravessaram gerações.