Marcos Mion ganha nome no Caldeirão e diz ter tido três meses para provar seu valor
A partir deste sábado (26), o programa "Caldeirão", cujo comando ele assumiu depois que Luciano Huck foi deslocado para as tardes de domingo, incorpora seu nome no título e passa a se chamar "Caldeirão com Mion".
Marcos Mion não esconde sua empolgação por ter sido contratado pela Globo, em agosto do ano passado. Profundamente religioso, o apresentador chegou a pagar uma promessa. Ao longo de três dias, em dezembro, percorreu a pé os 110 km de uma estrada de terra, do sul de Minas Gerais até Aparecida do Norte, em São Paulo.
O amor pela Globo é correspondido. A partir deste sábado (26), o programa “Caldeirão”, cujo comando ele assumiu depois que Luciano Huck foi deslocado para as tardes de domingo, incorpora seu nome no título e passa a se chamar “Caldeirão com Mion”. Em abril, a atração ganhará mais tempo, ficando duas horas e meia no ar.
Mas por que “com Mion”, e não “do Mion”? “Acredito que seja uma nova diretriz da Globo, para valorizar o produto e deixar a porta aberta para uma eventual rotatividade”, afirma ele, por videoconferência. Mas Mion esclarece que não pretende sair tão cedo. “Daqui a uns 20 anos, pode ser “com outra pessoa”‘, ri.
A nova fase do programa é marcada pela estreia do “Caldeirola”, uma competição de talentos com um júri de celebridades. É o primeiro quadro do “Caldeirão” cuja criação teve participação do apresentador.
“O Boninho, o LP Simonetti e o Geninho Simonetti, meus três diretores, começaram a criar o novo ‘Caldeirão’ sem saber quem iria apresentar. Quando eu cheguei, o programa já estava pronto. Só precisei ir para o estúdio gravar.”
“Eles deixaram bem claro que eu seria um apresentador temporário. Mas a minha agenda interna era diferente. Eu tinha três meses para mostrar como eles precisam de mim.”
Quando 2021 começou, Marcos Mion ainda surfava no sucesso de “A Fazenda”, o reality da Record que comandou durante três temporadas. No entanto, em fevereiro, uma notícia surpreendeu o mercado –a emissora tinha decidido rescindir o contrato com o apresentador.
“Eu gostaria de saber por que saí da Record. Até hoje eu não sei, estou sendo muito sincero. Mas já passei do momento de esperar por uma resposta.”
Na época, a especulação era de que Mion teria se desentendido com Rodrigo Carelli, diretor do núcleo de realities da emissora. O apresentador nega. “Zero de treta com o Carelli. Eu o conheço desde a MTV, a gente sempre se deu bem. Mas Deus sabe o que faz. Nada disso teria acontecido na minha vida se eu não tivesse saído de lá.”
De fato, ele deu sorte. Seu desligamento da Record, no final de 2021, aconteceu no mesmo momento em que Fausto Silva anunciava que deixaria a Globo. Seguiu-se então uma dança das cadeiras, com Luciano Huck substituindo Faustão no “Domingão”, e Mion substituindo Huck no “Caldeirão”.
Não é a primeira vez que o apresentador passa pela Globo. Sua estreia na telinha foi como ator na série “Sandy & Junior”, em 1999. Mas ele só alcançou notoriedade ao se transferir para a MTV Brasil, no ano seguinte, onde comandou diversos programas e depurou seu estilo irônico.
Em 2009, foi para a Record, onde seu programa “Legendários” ficou no ar de 2010 a 2017. Também apresentou alguns realities. Ao mesmo tempo, nunca se afastou do teatro, atuando em várias peças.
O eterno alto astral contrasta com os abalos que Mion sofreu na vida pessoal. Em 1994, Marcelo, seu irmão mais velho, morreu ao cair do vão livre do Masp, onde comemorava a aprovação no vestibular de medicina. Em 1996, o futuro apresentador voltava de uma festa com um amigo. O carro em que estavam foi atingido por uma moto e o amigo morreu.
Mion se casou com a designer de moda Suzana Gullo em 2005. No mesmo ano nasceu Romeu, o primeiro filho do casal, diagnosticado dois anos depois com um distúrbio no espectro autista. Depois, ele ainda teve dois filhos –Donatella, nascida em 2008, e Stefano, em 2010.
Suzana enfrentou um câncer de mama em 2016. A experiência despertou a religiosidade de Mion. “Eu fazia o sinal de cruz quando o avião levantava e esquecia de fazer quando pousava. Mas, quando a Suzana ficou doente, senti a presença de Deus e de Nossa Senhora nas nossas vidas.”
Mion tornou público o autismo de seu primogênito em 2014. “Deus me transformou num ativista no momento em que me mandou um filho autista. Entendi rapidamente que eu tinha que aproveitar o grande megafone que a minha carreira me deu. Toda vez que eu mostro meu filho nas redes sociais, eu sei que estou ajudando muita gente, de uma forma ou de outra. É o meu propósito, e eu sei que é o dele também”.
O novo “Caldeirão” não é seu único projeto para este ano. Em 27 de abril, estreia no canal Multishow o reality “Túnel do Amor”, que Mion gravou no ano passado. E ainda há o sonho de voltar ao palco.
“Quero fazer “Hamlet” enquanto ainda dá tempo, com direção do Ulysses Cruz. O personagem tem uns 20 anos, mas nenhum ator dessa idade tem o estofo psicológico para encará-lo. Só que eu já estou com 42. Daqui a pouco, eu passo do ponto.”