Após dez anos da estreia, atores lembram curiosidades de ‘Avenida Brasil’

A novela das 21h foi um estrondo de audiência na exibição original.


Por Folhapress Publicado 07/03/2022
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Reprodução: Divulgação

 Uma das novelas mais lembradas pelo telespectador e sucesso absoluto no seu ano de exibição, “Avenida Brasil” celebra neste mês dez anos desde sua estreia, que aconteceu em 26 de março de 2012. Até hoje, o elenco comemora os frutos que ela trouxe para suas carreiras.


A novela das 21h foi um estrondo de audiência na exibição original. Segundo dados do ibope na Grande SP, o último capítulo ultrapassou os 50 pontos, e a trama como um todo ficou sempre acima dos 40 pontos, algo inimaginável nos dias de hoje, em que “Um Lugar ao Sol” não chega aos 30 pontos.


A reprise, em 2019, no Vale a Pena Ver de Novo, também foi bem. O folhetim de João Emanuel Carneiro estreou com 22 pontos na Grande SP (cada ponto equivale a 76 mil domicílios), melhor índice de uma estreia desde 2000 – a praça paulista é considerada o principal mercado publicitário do Brasil.

Ela superava 18 das 20 novelas exibidas desde 2009 na faixa de horário.


“Sucessos são uma matemática que não temos acesso para reproduzir. É uma conjunção de fatores felizes. E nós comemoramos quando isso acontece. Mas não temos esse controle. Não há receita para o sucesso”, avalia Eliane Giardini, a Muricy da história que agora faz aniversário.


Apesar de não ter receita, Marcello Novaes, que deu vida ao vilão Max, tenta explicar o sucesso da novela. “A direção era maravilhosa e o autor inspiradíssimo. O elenco deixava a história viva. Essa junção de talentos resultou num divisor de águas na TV Globo. Éramos assunto em todos os bares”, relembra o ator.


“Tinham críticas muito boas e várias pessoas diversas eram atingidas. Além do reconhecimento na rua tinha o reconhecimento pelo trabalho que foi bem feito”, completa Débora Falabella, que fez a protagonista Nina. Confira os pontos altos dos bastidores lembrados pelos atores de “Avenida Brasil”.


RISADAS E PIADAS SEM FIM
Era difícil controlar as risadas tanto antes quanto durante as cenas, sobretudo nas que aconteciam na mansão de Tufão (Murilo Benício). De acordo com Eliane Giardini, os colegas Marcos Caruso e Juliano Cazarré, que viviam Leleco e Adauto, respectivamente, eram os mais engraçados. “Às vezes ficava difícil se controlar”, lembra.


Como a maioria das cenas que juntava toda a família acontecia na mesa de jantar, os atores ficavam falando o tempo todo. E muitas vezes isso gerava momentos divertidos, como relembra Débora Falabella.


“Essas cenas da mesa de jantar tinham improviso e eram muito vivas. Ou seja, eram momentos em que ficava fácil existir ataques de riso. A minha parceria com a Adriana Esteves foi algo de extrema importância. A gente ficava muito unida. Unidas e que amavam se odiar em cena”, afirma.


Par romântico tanto de Nina quanto de Carminha (Adriana), Murilo Benício concorda que não era difícil perder os rumos e cair na gargalhada. “O Caruso era muito engraçado. Quando juntava eu, ele, o Novaes e a Adriana a gente fazia o outro rir. A gente tentava rir tudo nos ensaios e tirar todas as piadas possíveis da situação”, comenta.


MUITO IMPROVISO PARA O SUCESSO

A tática era inovadora para 2012, mas o autor, João Emanuel Carneiro, e os diretores Amora Mautner, José Luiz Villamarim e Ricardo Waddington deram poder total para os atores improvisarem em cena e falarem o que bem entendessem. Nada seria desperdiçado caso fizesse efeito e sentido para determinada cena daquela família que poderia rir, chorar, brigar e fazer as pazes ao mesmo tempo durante um jantar.


“Na minha opinião, o diferencial para o sucesso foi entrarmos no estúdio as 13h e ficarmos improvisando as cenas por duas ou três horas para só depois gravarmos. A direção ficava atenta para incluir esses cacos. Todos microfonados para não se perder nada, pois todos falavam uns em cima dos outros como é comum nas grandes famílias”, explica Eliane Giardini que era a matriarca.


Murilo Benício, o Tufão, conta que o segredo para o fenômeno “Avenida Brasil” foi justamente a química entre os atores. Eram menos de 30 em toda a novela, o que possibilitou que todos tivessem uma relação de mais proximidade.


“Quando as pessoas se gostam, se respeitam e curtem estar juntas fica tudo mais prazeroso.

Trabalhamos demais nessa novela, mas tudo ficava mais fácil. O elenco desde cedo entendeu que era interessante o improviso para deixar tudo quente. A gente encontrava a medida certa sem atrapalhar o que devia estar no roteiro e sem tirar atenção do foco.”


COMIDA QUENTINHA NA CENA E ‘FOFOCAIADA’

Segundo Cacau Protásio, que vivia a empregada Zezé, o camarim e a mesa de jantar eram os lugares mais gostosos para se estar enquanto rolava a novela. “Tenho as melhores memórias de bastidores, nosso camarim das mulheres era divertido, ‘fofocaiada’ boa. Mas elas só falavam de fazer dieta e eu comia à beça”, diverte-se a atriz.


Acredite se quiser, mas a comida não era cenográfica nem gelada para fazer de conta. Aliás, ela era preparada por um chef de cozinha e chegava ainda quente para a mesa, especialmente para a hora do “valendo”. “Esse chef tinha prazer em fazer comidas boas. Era incrível como ele adorava dar comida para quem gostava de comer (eu). A direção falava ‘ação’ e a gente comia para valer e ficava triste no ‘corta'”, diz Cacau.


A atriz afirma que seria a primeira a aceitar o desafio caso o autor João Emanuel Carneiro optasse por fazer um “Avenida Brasil 2”. “Que saudade boa que eu tenho. Era um clima de alto-astral e harmonioso. E adorava comer, mas hoje luto contra a balança”, brinca.


PERSONAGENS LEMBRADOS ATÉ HOJE
“Por todos os lugares que eu passo, as pessoas dizem: ‘quero ver tu me chamar de amendoim’. Essa frase me persegue”. É isso o que Cacau escuta quase que diariamente em seus trajetos e percursos entre um trabalho e outro. Fruto do bom trabalho que fez em 2012.


A frase foi um improviso pensado por ela em referência a parte da letra da canção “Correndo Atrás de Mim” (Aviões do Forró), hit da trilha sonora da trama.


Fato semelhante também continua acontecendo com Marcello Novaes, o Max da novela que entre uma vilania e outra arrancava risadas dos telespectadores pelo jeito atrapalhado e meio bobão com a esposa, Ivana (Letícia Isnard).


“Na rua é normal eu ser chamado ou de Max ou de Raí [da novela ‘Quatro por Quatro’, de 1994]. São personagens muito marcantes. E considero isso algo positivo, pois os fãs pegam um encanto maior pelo trabalho que a gente faz”, afirma.


A atriz Débora Falabella será eternamente a Nina de “Avenida Brasil”. Tão marcante quanto esse papel, na visão dela, apenas a Mel de “O Clone” (2002), reprisada atualmente no Vale a Pena Ver de Novo.

Acho bonito quando me reconhecem por esse trabalho”, afirma ela, que logo completa: “Evoluí de lá para cá”.


“Não importa mais o que eu tenha feito ou vá fazer, vão me chamar desse nome para sempre”, emenda Benício sobre Tufão.