Quem é a jovem golpista que inspirou ‘Inventando Anna’ e enganou milionários de NY
Quem é a jovem golpista que inspirou 'Inventando Anna' e enganou milionários de NY
Vestindo roupas de grife, bem maquiada e com saltos altíssimos. Foi com essa imagem que Anna Sorokin se tornou conhecida nos círculos mais exclusivos da elite nova-iorquina. Mas é com macacão cinza, cabelo malcuidado e olhar abatido que a personagem é apresentada ao público na nova minissérie “Inventando Anna”.
Inspirada na história real de Sorokin -que criou para si o codinome Anna Delvey-, a trama da Netflix vem sendo tratada como uma das principais estreias do streaming neste começo de ano. Não apenas por ter produção de Shonda Rhimes, mas também por se debruçar sobre uma personagem que intrigou o mundo nos últimos anos com sua perspicácia e seu ardil.
O ano era 2016 e, segundo a procuradoria de Manhattan, Sorokin desfilava pelos cenários mais sofisticados de Nova York com um sobrenome e um passado falsos. Ela dizia ser alemã, herdeira de uma fortuna avaliada em EUR 60 milhões e ter problemas com o pai, o que dificultaria o envio de dinheiro para a sua conta bancária nos Estados Unidos.
Nada disso era verdade, agora sabemos. A falsa socialite nasceu em Domodedovo, uma cidade da classe trabalhadora nos arredores de Moscou, na Rússia. Seu pai era motorista de caminhão e, quando Sorokin era adolescente, a família se mudou para a Alemanha.
De lá, ela foi fazer um estágio em Paris, que abandonou para se mudar para Nova York. Foi na cidade americana que ela começou a enganar as pessoas de seu entorno, dizendo que tinha um fundo fiduciário milionário em seu nome e morando em diferentes hotéis de luxo.
De acordo com as revelações feitas em seu julgamento, Sorokin se hospedava, comia e viajava pelos endereços mais badalados da elite mundial. Na hora de pagar a conta, era mestre em dar desculpas esfarrapadas -alegava para seus amigos ricaços que havia esquecido a carteira ou que estava com problemas burocráticos para transferir seu dinheiro da Europa para os Estados Unidos.
Crentes de que seriam ressarcidos, seus companheiros ou os gerentes dos hotéis bancavam os gastos da falsa socialite. Em maio de 2017, por exemplo, ela convidou um grupo de amigos para uma viagem com tudo pago para o Marrocos. Quando seu cartão de crédito foi recusado no hotel, ela convenceu uma das acompanhantes a pagar a conta.
Sorokin também chegou a passar cheques sem fundo e a falsificar documentos para enganar bancos, que liberaram empréstimos para que ela criasse a Fundação Anna Delvey, uma instituição de arte em Manhattan, que funcionaria como um clube para os endinheirados.
As mentiras se acumularam e, em 2017, Sorokin foi presa sob acusação de dar calotes que totalizaram US$ 275 mil -cerca de R$ 1,4 milhão na cotação atual- ao longo de dez meses. Dois anos depois, ela foi finalmente condenada à prisão e a pagar uma multa de US$ 24 mil e a devolver cerca de US$ 200 mil para uma de suas amigas lesadas por seus esquemas.
Ela ficou dois anos presa e, após ser autorizada a cumprir o resto da pena em liberdade condicional, foi detida pelo departamento de imigração dos Estados Unidos, já que seu visto estava vencido. Ela segue sob a custódia das autoridades de imigração, aguardando para ser deportada para a Alemanha.
Para levar sua vida às telas, a Netflix pagou a Sorokin mais de US$ 300 mil -cerca de US$ 1,5 milhão-, que ela usou para ressarcir as vítimas de seus golpes. Paralelamente, a HBO desenvolve, com Lena Dunham, uma outra trama sobre Sorokin.