A obesidade e o consumo de alimentos ultraprocessados

o Brasil, segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), levantamentos apontam que mais de 50% da população está na faixa de sobrepeso e obesidade.


Por Redação Estereosom Publicado 05/06/2019
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A obesidade é apontada como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2015, a projeção é que cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões, obesos. No Brasil, segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), levantamentos apontam que mais de 50% da população está na faixa de sobrepeso e obesidade. Entre crianças, a porcentagem gira em torno de 15%.

O professor de disciplinas do curso de pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia da POSFG, Dr. Nelson Vinicius Gonfinetti, avalia que o processamento dos alimentos tem piorado a qualidade nutricional da dieta contemporânea “Esses alimentos passam por transformações que modificam significativamente o teor nutricional, incorporando sal, gordura e açúcar e tornando esses alimentos mais palatáveis, porém pobres em nutrientes”, enfatiza o especialista.

Com objetivo de entregar instrumentos e estratégias de educação alimentar, o Ministério da Saúde publica, desde 2006, o Guia Alimentar Para a População Brasileira. No documento, é evidenciado que o consumo de alimentos ultraprocessados nem sempre é escolha para quem ingere, fatores de natureza física, econômica, política, cultural ou social podem influenciar no padrão de alimentação das pessoas. O documento exemplifica que “morar em bairros ou territórios onde há feiras e mercados que comercializam frutas, verduras e legumes com boa qualidade torna mais factível a adoção de padrões saudáveis de alimentação”.

A Faculdade de Saúde Pública da USP divulgou um estudo, em 2015, que avaliou o hábito de alimentação dos brasileiros. O resultado é que o consumo médio é de 1.866 calorias por pessoa, sendo 69,5% proveniente de alimentos in natura ou minimamente processados, 9,0% de alimentos processados e 21,5% de alimentos ultraprocessados. Para Gonfinetti, “a limitação na ingestão de alimentos ultraprocessados é uma estratégia efetiva na prevenção e tratamento da obesidade”.

O especialista alerta ainda que, aliado ao consumo de ultraprocessados, o sedentarismo é um fator que está condicionado ao menor gasto energético, contribuindo para o aumento desenfreado da obesidade. “A multicausualidade da obesidade exige ações em diversos campos, quando se aborda o tratamento, e ações visando a oferta de alimentos não processados e estímulo à atividade física”, conclui o médico.