Estádio do Pacaembu terá hotel com 50 quartos onde ficava o tobogã
A Concessionária Allegra Pacaembu fechou um acordo com a UMusic Hotels.
Um hotel com 50 quartos será uma das atrações do complexo de nove andares que a ser erguido no lugar do tobogã no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu.
A novidade no projeto foi anunciada nesta terça-feira (30) durante uma entrevista com jornalistas no estádio que contou com a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e de Eduardo Barella, empresário que, com a concessionária Allegra, gere o Pacaembu.
A Concessionária Allegra Pacaembu fechou um acordo com a UMusic Hotels. O hotel deve ocupar dois andares do bloco central do novo complexo de 40 mil m², além de parte dos blocos leste e oeste. A depender da localização do quarto reservado, o hóspede conseguirá assistir a jogos e shows pela janela.
O hotel também deve ter uma piscina privativa.
A Allegra assumiu a gestão do equipamento municipal por 35 anos em janeiro de 2020 e prevê investir até R$ 400 milhões até o fim de 2023. A ideia, explica Barella, é que a concessionária seja responsável pela estruturação do complexo, e a UMusic, pelo “recheio”.
A UMusic fará a gestão de outros equipamentos do empreendimento, como espaços criativos, ativações de alimentos e bebidas inspirados no patrimônio cultural de São Paulo –a empresa também estuda a construção de um estúdio de gravação.
Barella calcula que a UMusic deva investir cerca de R$ 100 milhões para o hotel, mas ainda não há previsão de quanto deverá custar uma estadia por lá.
“Não acho que seja nem um hotel de luxo, nem de entrada”, explica Barella, que diz que o público-alvo será bem amplo. “Entendemos que a nova geração não quer consumir um carro, mas uma experiência, e o Pacaembu tem uma história que impulsiona essa experiência. Devemos receber o público da música, do esporte, das artes.”
O espaço em que será erguido o novo complexo era ocupado pelo tobogã, arquibancada que tomou o lugar da concha acústica que fazia parte do projeto original e setor onde ficavam os ingressos mais baratos.
Para Barella, o uso desse espaço para a construção do complexo, que vai reunir também galeria de arte, estúdio de música, hotel e centro para eventos, não é elitista. “Pelo contrário, estamos democratizando. O Pacaembu antes era focado somente no futebol. Estamos ampliando esse uso também para a cultura e para a arte”, diz.
Em 2020, a concessionária afirmou que estudava colocar arquibancadas móveis em dias de grandes jogos para ampliar a capacidade de público do Pacaembu. Barella diz que a ideia não foi descartada mesmo com o novo hotel.
“Se não tiver lotação, posso montar lá e jogar o cara que está no hotel no camarote. Não estou engessado para isso.”
Ao todo, o complexo terá nove andares, cinco deles acima do solo e quatro abaixo. Um deles funcionará como passarela que ligará as ruas Desembargador Paulo Passaláqua e Itápolis, com livre circulação de pedestres, buscando cumprir o propósito de integrar mais o complexo ao bairro.
Outros andares receberão lojas, espaços de coworking, restaurantes, escritórios e locais para eventos. Em parceria com o BBL, um grupo de entretenimento com foco em jogos virtuais, a nova gestão dará destaque aos eSports, com a criação de uma arena de Battle Royale, quando mais de cem jogadores poderão competir simultaneamente.
O equipamento também sediará feira de artes e de design e terá uma galeria de arte.
A demolição do tobogã foi necessária à implantação do projeto da Allegra Pacaembu.
Em janeiro de 2021, porém, a Justiça de São Paulo impediu a demolição –a decisão era uma liminar e se tratava de um pedido da associação Viva Pacaembu, que argumentou que a arquibancada, construída em 1970, é parte do conjunto do estádio, tombado em âmbito municipal e estadual.
Em março, porém, a juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública Central da Capital, reconsiderou a decisão e avaliou que o Condephaat, que registrou o tombamento do Complexo do Pacaembu, não faz qualquer ressalva à estrutura do tobogã.
No final de junho, a estrutura começou a ser demolida de forma manual para não danificar o resto do estádio.
CRONOLOGIA DO ESTÁDIO
27.abr.1940 – Inauguração do estádio, projeto do escritório de Ramos de Azevedo
1958 – Passa a se chamar Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, em homenagem ao chefe da delegação do Brasil na Copa do Mundo daquele ano, em que o país saiu vencedor
1969 – A concha acústica que servia para eventos é demolida para dar lugar, no ano seguinte, ao tobogã
1988 – O estádio é tombado pelo Conpresp
1994 – Gestão de Paulo Maluf tenta viabilizar privatização do estádio
1998 – O Condephaat decide também tombar o Pacaembu
1999 – O então prefeito Celso Pitta inclui o estádio numa lista de bens a privatizar
2015 – Gestão Fernando Haddad abre edital para conceder o estádio; duas empresas encaminharam propostas, que ficaram paradas nos órgãos de patrimônio
2017 – Então prefeito, João Doria anuncia novo plano para a concessão, que é aprovado pela Câmara; ao longo do processo, Conpresp e Condephaat estabelecem parâmetros para as modificações futuras
15.ago.2018 – TCM suspende edital para a concessão, liberando-o de novo em fevereiro seguinte
8.fev. 2019 – Consórcio Patrimônio SP, formado pela empresa de engenharia Progen e pelo fundo de investimentos Savona, vence concorrência para gerir estádio por 35 anos, mas resultado é suspenso – juíza disse que vencedor não cumpria parte do edital
13.abr.2019 – Prefeitura declara consórcio vencedor habilitado e retoma a concessão
16.set.2019 – Bruno Covas assina concessão do estádio ao vencedor do edital, o consórcio Patrimônio SP – que originaria a concessionária Allegra Pacaembu
12.jul.2019 – São divulgados os desenhos do escritório Raddar, de Sol Camacho, para o novo Pacaembu
29.jul.2020 – Justiça nega suspensão da concessão, pleiteada desde 2019 pela Associação Viva Pacaembu e Ministério Público de SP, com base no fato de que Eduardo Barella, dono da Progen, tivera cargo em conselho da SPTrans entre 2017 e 2018, o que contrariaria o edital
25.ago.2020 – Requerimento de alvará para as obras no estádio, assinado pelo arquiteto Rafael Carneiro Bastos de Carvalho, é protocolado na prefeitura
7.jan.2021 – Justiça de SP barra demolição do tobogã do estádio do Pacaembu
1.mar.2021 – Juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi reconsidera decisão anterior que proibia a demolição do tobogã
29.jun.2021 – Início da demolição do tobogã do Pacaembu