Luciana Gimenez diz que Kajuru usa foro privilegiado para chamá-la de prostituta
Em live, o senador Jorge Kajuru disse que a apresentadora da Rede TV! é "uma garota de programa e desqualificada"
A apresentadora do SuperPop, Luciana Gimenez, 51, da Rede TV!, divulgou nesta segunda-feira (29) uma carta aberta em apoio às mulheres após ataques recebidos do senador e ex-apresentador Jorge Kajuru, 60, (Cidadania) durante live no canal da Antonia Fontenelle, no YouTube, no dia 25 de março.
Na live, o senador disse que a apresentadora da Rede TV! é “uma garota de programa e desqualificada”. Antes disso, ele criou polêmica ao afirmar que é o pai biológico de Marcela, uma das filhas do ex-jogador de futebol Túlio Maravilha, 51. A suposta relação com a ex-mulher de Túlio, Alessandra, teria ocorrido enquanto ela estava separada, aos 17 anos.
Na carta aberta, Luciana diz que todos os dias mulheres são atacadas fisicamente e psicologicamente por homens machistas e misóginos. “A forma que esse tipo de pessoa sorrateira usa para atingir e calar uma mulher é através de sua honra, sua estabilidade psíquica ou sua integridade física”, afirma.
Luciana fala que muitas vezes esses homens conseguem entrar nas mentes das mulheres e quebrá-las em vários pedaços. Ela disse que elas “recolhem seus caquinhos porque são resilientes”, mas isso precisa acabar.
“Precisamos mostrar a esses covardes que assim como somos fortes para nos levantarmos, somos fortes para derrubá-los. Acredito que toda generalização é burra, ou seja, nem todo homem é ruim, mas os que são psicopatas devem ser expostos e punidos”, enfatiza a apresentadora.
A apresentadora cita na carta as mães que são capazes e qualquer coisa para proteger seus filhos, inclusive se calar por anos, mesmo sendo atacadas constantemente. “Lambemos nossas feridas e aguentamos firme, mas quando resolvemos reagir, podem ter certeza, somos capazes de ir até às últimas consequências para proteger o que é mais sagrado para nós”, fala Luciana.
Luciana destaca que o erro do homem abusador psicológico é achar que sua vítima nunca irá se livrar do cativeiro. Ela diz que as mulheres são capazes porque sabem gritar e não hesitarão em pedir ajuda a outras que entendem pelo que elas passam. Em seguida, pede para todas ficarem atentas e vigilantes para se ajudarem.
Ela citou seu próprio exemplo, que durante a pandemia leu mais o assunto, para recomendar a todas as mulheres que se informem mais e que vejam como isso é necessário. “Mulheres está em nossas mãos parar os abusadores, seja aquele que faz a piadinha que constrange, mesmo que na cabeça dele seja um elogio, até os que nos violam física e psicologicamente”, destaca.
Luciana chama a atenção para que todos parem de normalizar e aceitar quando homens chamam mulheres de loucas e se acham no direito de inventar histórias para diminuí-las mexendo com sua honra. “Está na hora de transformar nossa dor em força, nossas lágrimas de tristeza em felicidade. Está na hora pararmos de pedir respeito e sermos respeitadas pelo simples fato que é um direito nosso, não um pedido”, diz.
A apresentadora fala que independentemente de ser executiva, faxineira, religiosa ou garota de programa, todas as mulheres merecem respeito sem restrição. Se algum homem disse o contrário, ela diz que é preciso mostrar para ele que isso não é aceitável. “Algo realmente está errado numa sociedade onde o homem pode andar sem camisa e é elogiado, enquanto a mulher, se fizer o mesmo, é punida pela definição de ato obsceno do código penal”, fala.
Luciana pede ainda que cada pessoa que está lendo a carta exponha os “homens machistas, misóginos e abusadores”. Segundo ela, eles só têm coragem de serem assim quando não são vistos, quando se sentem protegidos, “alguns até por foro privilegiado”, como senadores e deputados.
“Aos colegas da imprensa e da comunicação, peço que evidenciem cada vez mais esses homens e suas atitudes, porque noticiar suas falas sem deixar claro o crime que eles estão cometendo é compactuar com seus atos. E calar uma mulher é dar força ao seu algoz”, enfatiza.
A apresentadora termina a carta lembrando que a cada 7 horas uma mulher morre vítima de feminicídio. “A cada uma hora, 500 mulheres são espancadas. A cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil. E tudo isso começa com um xingamento, um grito ou simplesmente porque o homem se acha no direto de fazer”, finaliza Luciana.